A Vale (VALE3) quer se tornar a maior mineradora do mundo, recuperando posições perdidas ao longo dos últimos anos, afirmou o CEO Gustavo Pimenta.
Segundo o executivo, atualmente a companhia é a nona maior mineradora do mundo em valor de mercado. Em 2010, era a segunda maior, relatou Pimenta, com um valor de US$170 bilhões, atrás apenas da australiana BHP.
“A Vale não tem que ser a décima, eu não aceito, precisamos mudar isso. A companhia tem que ser a maior mineradora do mundo, porque estamos sentados no maior endowment minerário do mundo, precisamos destravar o valor da companhia”, disse o CEO, durante apresentação nesta sexta-feira (27), promovida pelo grupo LIDE.
As principais concorrentes da Vale continuam sendo as australianas Rio Tinto, BHP e a Fortescue, que têm operações mais próximas do maior mercado consumidor de commodities do mundo, a China.
Pimenta destacou que os minerais críticos serão fundamentais para a descarbonização, o que inclui o minério de ferro de alto teor. “Não existe inteligência artificial sem minerais críticos, que serão o petróleo do próximo século. E a Vale tem posição especial neste mercado.”
Ele lembrou que, em 2024, a companhia chegou a produzir 328 milhões de toneladas de minério de ferro e que a meta é atingir 360 milhões de toneladas, retomando o posto de maior do mundo nesse produto específico.
“É uma posição que não deveríamos ter perdido, com a diferença de que podemos ofertar minério de ferro de alto valor.”
Vale lançou novo programa
No início do ano, a mineradora lançou o programa “Novo Carajás”, no Pará, com investimentos de até R$70 bilhões. O objetivo, relatou, é retomar os volumes de produção de minério de ferro, que hoje giram em torno de 175 milhões de toneladas na região. “Queremos subir esse volume para 200 milhões de toneladas.”
Ele acrescentou que a região também tem potencial para impulsionar a produção brasileira de cobre, considerado essencial para a transição energética. “O Brasil ficou para trás na oferta de minerais críticos para transição energética, particularmente o cobre”, ressaltou.
Em sua visão, o potencial de desenvolvimento do cobre vai acontecer no Chile e no Brasil, enquanto o Congo e a Argentina são potenciais candidatos. “O Brasil cresceu pouco, mas o potencial de desenvolvimento do cobre, principalmente, na região de Carajás é enorme, estamos focados no crescimento do metal”, diz. “Assumimos o compromisso de dobrar o volume de produção de cobre da Vale nos próximos 10 anos”, acrescentou.
Preços do minério de ferro
A Vale estima que, se a cotação do minério de ferro cair para um patamar entre US$85 e US$90 por tonelada, provavelmente cerca de 150 milhões de toneladas de oferta no mundo passam a operar no prejuízo e, neste sentido, devem sair do mercado.
Atualmente, o patamar de preço do minério de ferro está na casa dos US$93 por tonelada, ante US$105 no início do ano de 2025.
Na visão de Pimenta, o segundo semestre vai continuar com demanda firme. “Obviamente, as questões geopolíticas são variáveis incertas, que podem ter algum impacto aqui ou ali, mas do ponto de vista de demanda na ponta devemos ter um período forte, puxado pela atividade chinesa.”
Segundo o executivo, o impacto das tensões geopolíticas é secundário, diante do risco de crescimento menor da economia global.