Porta de agência dos Correios
Agência dos Correios / Divulgação

Os Correios decidiram suspender o pagamento do “vale-peru” em 2025. A estatal concedeu o benefício de R$ 2.500 por empregado no ano passado, mas o retirou da nova prorrogação do acordo coletivo de trabalho. A empresa enfrenta uma forte crise financeira e afirma não ter condições de manter a despesa.

A empresa informou aos funcionários que já pagou o crédito extra ligado ao acordo anterior. Em 2024, o benefício custou cerca de R$ 200 milhões. A companhia dividiu o valor em duas parcelas e as quitou até janeiro deste ano.

Crise pressiona negociações e aumenta tensão

O acordo coletivo venceu em 31 de julho e vem sendo prorrogado seguidamente, sem reajuste salarial. Além disso, a direção argumenta que a situação financeira impede avanços nas negociações. Diante desse impasse, o Sintect-SP aprovou um indicativo de greve para 16 de dezembro, a partir das 22h.

A estatal precisa levantar R$ 20 bilhões até 2026 para executar seu plano de reestruturação. Nesse sentido, o projeto inclui a regularização de dívidas com bancos e fornecedores, um novo programa de demissão voluntária para desligar ao menos 10 mil empregados e ajustes no plano de saúde e na estrutura de cargos.

Empréstimo trava e agrava risco de caixa

Para obter os recursos, os Correios negociam um empréstimo com bancos públicos e privados. A operação teria garantia do Tesouro Nacional, reduzindo o risco das instituições financeiras. Porém, a proposta inicial previa custo próximo a 136% do CDI, acima do teto de 120% do CDI definido pelo comitê de garantias do Tesouro para operações de dez anos.

Desde terça-feira (2), a estatal tenta reabrir as conversas com os bancos, mas ainda não há acordo. A conclusão desse financiamento é considerada essencial para manter o caixa da empresa.

A estatal já acumulou R$ 6,1 bilhões em prejuízo até setembro. A projeção interna indica que o déficit pode chegar a R$ 10 bilhões até o fim do ano. Sem novos recursos, o rombo pode alcançar R$ 20 bilhões em 2026, e, em cenário extremo, chegar a R$ 70 bilhões em cinco anos, com risco real de insolvência.