
Os Correios estão tentando diminuir a taxa de juros do empréstimo de R$ 20 bilhões após o alerta feito pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Segundo a apuração da CNN Brasil, a estatal negocia com o consórcio de bancos uma revisão da taxa da proposta antes de enviar os documentos ao Ministério da Fazenda.
Fontes ligadas aos Correios disseram que, até a semana passada, a expectativa era de juros próximos a 120% do CDI, nível considerado aceitável para operações que têm garantia da União.
Para a surpresa de integrantes da cúpula dos Correios, o nível apresentado foi de 136% do CDI e esse passou a ser o principal ponto de atrito na negociação, especialmente após o MP, junto ao TCU, questionar a justificativa para um custo tão alto.
Segundo fontes da empresa, dois fatores ajudam a explicar a postura dos bancos: o valor elevado do financiamento e a capacidade de pagamento da estatal, que atravessa um período de forte crise financeira.
Um dos critérios avaliados pelos bancos para conceder crédito é exatamente a condição do tomador de honrar as parcelas dentro do prazo. Sendo assim, o diagnóstico atual dos Correios pesou na definição da taxa.
O empréstimo em questão está sendo tomado por um grupo composto por cinco instituições financeiras. O consórcio foi formado porque apenas uma instituição não assumiria sozinha uma operação desta monta, o que também influencia na discussão do custo final
Para além do alerta técnico, o Conselho de Administração dos Correios já autorizou a contratação do empréstimo.
Mas, como a operação ainda será avaliada pelo Tesouro Nacional, a liberação depende de um parecer do Ministério da Fazenda, que só poderá iniciar a análise quando receber a documentação completa, algo que ainda não ocorreu justamente porque a empresa aguarda os ajustes na taxa de juros e deve demorar ainda mais para enviar os documentos, explica a CNN.
Relembre: Correios aprovam plano de reestruturação com PDV e empréstimo de R$ 20 bi
Os Correios aprovaram o plano de reestruturação que prevê um novo PDV (Plano de Demissão Voluntária), o fechamento de mil agências e a venda de imóveis da estatal que podem render R$ 1,5 bilhão.
Além dessas medidas, o novo plano prevê um empréstimo de até R$ 20 bilhões até o fim de novembro para reduzir o déficit, retomar o equilíbrio financeiro em 2026 e ter lucro em 2027, disse a Agência Brasil.
Segundo a estatal, o plano, aprovado na quarta-feira (19), foi elaborado após analises da atual situação financeira e do modelo de negócio para retomar o equilíbrio financeiro em 12 meses.
“Diante do cenário de queda de receitas e aumento de custos operacionais, a reestruturação contempla três fases: recuperação financeira, consolidação e crescimento”, justificam os Correios.
Entre as medidas presentes no plano, estão:
- Programa de Demissão Voluntária;
- Redução dos custos com plano de saúde dos empregados;
- Modernização e readequação do modelo operacional e infraestrutura tecnológica;
- Redução de até 1 mil agências deficitárias para melhorar a rede de atendimento;
- Venda de imóveis para gerar receitas, estimativa de R$ 1,5 bilhão.
Há, ainda, a previsão de uma expansão no e-commerce e parcerias estratégicas, além da possibilidade de operações de fusões, aquisições e outros tipos de reorganização societária.