Show business

Empresários criticam vantagens do Perse a iFood e alertam para risco de desvio de crédito

Para os especialistas da Receita Federal, o apoio ao iFood contrasta com o período de crescimento acelerado observado durante o distanciamento social

Foto: iFood/Reprodução
Foto: iFood/Reprodução

Empresários dos setores de turismo e entretenimento têm expressado preocupação em torno do favorecimento do iFood sobre o Perse (Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos), ao ocupar o primeiro lugar na lista dos beneficiários do projeto criado para apoiar restaurantes e o setor de eventos durante a crise da covid-19.

A companhia declarou que usufruiu de R$ 336,11 milhões do programa entre janeiro e agosto deste ano. O descontentamento por parte dos empresários se embasa no fato de que o iFood foi um dos negócios que mais se beneficiaram durante a pandemia.

“Nossa empresa ficou parada durante três anos realizando algumas lives. Entramos no programa do Governo e mantivemos os funcionários, queimando caixa, usando dinheiro dos sócios e pedindo a bancos, por isso não é justo que, quem estava a todo vapor durante e no pós-pandemia, esteja queimando o benefício de quem mais sofreu, como restaurantes, bares, artistas e empresas de iluminação”, criticou Junior Luzbel, sócio da Luzbel Tecnologia em Eventos.

De acordo com o próprio relatório do iFood divulgado em 2020, houve um aumento de pedidos no app nos meses de março a agosto de 2020, bem como as informações sobre os clientes recordistas em pedidos nesse período.

Anos depois, o cenário seguiu satisfatório. Em 2022 outro dado divulgado pela rede de entrega de refeições mostra que o ecossistema da companhia gerou um valor bruto de produção de R$ 97 bilhões, considerando tanto os impactos diretos quanto indiretos, o que corresponde a 0,53% do PIB brasileiro. O estudo foi  encomendado pela empresa à Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), especializada na análise de fenômenos econômicos e sociais e na elaboração de indicadores do país. 

“Todo ano o Governo e o Congresso tentam acabar com o Perse justamente por isso, pois as empresas que não foram tão prejudicadas, como foram as desse segmento, queimam esse benefício”, completou o executivo, insatisfeito com a negligência do programa. 

Para os especialistas da Receita Federal, o apoio ao iFood contrasta com o período de crescimento acelerado observado durante o distanciamento social, quando houve um aumento expressivo na demanda por serviços de entrega de alimentos e supermercados.

iFood segue com benefício do Perse sob liminar da Justiça

Em setembro deste ano, o iFood, juntamente com outras companhias de serviço de aplicativo, conseguiram, na Justiça, decisões que permitem a manutenção dos benefícios do Perse. Apesar de terem sido excluídas do programa no início de 2023, as empresas recorreram judicialmente para manter os incentivos.

Isso significa que a companhia está adiando os pagamentos devidos enquanto aguarda uma decisão final sobre o caso. Esse cenário levanta preocupações, pois, ao prolongar o não cumprimento das obrigações, ela acaba comprometendo os recursos destinados a quem realmente necessita do benefício.

O iFood experimentou crescimento durante o distanciamento social, com aumento nas entregas de alimentos e supermercado, enquanto o setor de transportes, como Uber e 99, enfrentou queda na demanda devido à menor circulação de pessoas.

Para o iFood, o Perse representou uma economia de pelo menos R$ 535 milhões em impostos federais desde a liminar obtida em agosto de 2023, embora os valores ainda estejam sendo discutidos na Justiça.

iFood se posiciona

O iFood explicou que o Perse foi desenvolvido para apoiar empresas diretamente ou indiretamente conectadas ao setor de eventos, abrangendo também bares e restaurantes.

De acordo com a companhia, as atividades de intermediação realizadas pelas plataformas também foram contempladas pelo programa.

“É importante mencionar que o IFood encerrou o triênio de 2020, 2021 e 2022 com prejuízo de aproximadamente R$ 2 bilhões ” diz a empresa em nota. Segundo o iFood, a empresa na pandemia adiantou repasses e zerou a taxa cobrada dos estabelecimentos quando o pedido era retirado diretamente pelo consumidor.

Acesse a versão completa
Sair da versão mobile