Foto:Ronaldo Gama, Head da Favela Seguros, Rubens Filho, diretor de novos negócios, Celso Athayde, fundador da Favela Holding, Rafaela Silva, judoca Campeã Olímpica no Stand da Favela Seguro
Foto:Ronaldo Gama, Head da Favela Seguros, Rubens Filho, diretor de novos negócios, Celso Athayde, fundador da Favela Holding, Rafaela Silva, judoca Campeã Olímpica no Stand da Favela Seguro

O acesso a seguros e educação financeira em favelas brasileiras ainda é limitado. Segundo dados do IBGE, mais de 12 milhões de pessoas vivem em favelas no país, e boa parte nunca teve contato com produtos de proteção financeira, como seguro de vida ou assistência funeral. É nesse cenário que surge a Favela Seguros, projeto criado pelo grupo MAG Seguros em parceria com a Favela Holding, braço econômico da CUFA (Central Única das Favelas).

A iniciativa nasceu há dois anos com a missão de aproximar dois mundos: o setor de seguros, tradicionalmente desconhecido por grande parte da população, e os moradores das favelas, em busca de oportunidades de trabalho e qualificação profissional.

“Percebemos que poderíamos capacitar moradores de favelas para atuar como corretores, levando informação e produtos de proteção para suas próprias comunidades”, explica Ronaldo Gama Head do Favela Seguros.

Formação profissional e oportunidade de renda

A MAG Seguros atua há décadas formando corretores de seguros, muitos dos quais se tornam líderes comerciais. A Favela Seguros levou essa experiência para os territórios periféricos, oferecendo treinamento e capacitação para moradores locais.

Os requisitos são básicos: ter mais de 18 anos e ensino médio completo. Com isso, a iniciativa cria um ciclo de oportunidades: moradores são treinados, passam a atuar como corretores e ajudam seus vizinhos a entenderem a importância da proteção financeira.

Educação financeira como prioridade

Mais do que vender seguros, o projeto busca educar e conscientizar. Cada conversa com os moradores é uma oportunidade de explicar como seguros podem proteger famílias de imprevistos. Serviços como telemedicina e assistência funeral já foram oferecidos a famílias que não poderiam arcar com esses custos, garantindo dignidade em momentos delicados.

Um exemplo concreto: em apenas alguns meses, quatro colaboradores do projeto conseguiram ingressar em universidades, algo que era fora da realidade de suas famílias. “Estamos vendo pessoas planejando como separar uma parte do seu rendimento para se proteger financeiramente. Esse é o impacto real”, afirma Ronaldo.

Produtos acessíveis

O foco do projeto são soluções que caibam no bolso da população periférica. Atualmente, a cobertura mínima é de R$ 6,00 por mês, suficiente para garantir serviços básicos e iniciar o planejamento financeiro.

Hoje, a Favela Seguros atua em dez territórios no Rio de Janeiro e São Paulo, mas o objetivo é expandir rapidamente. A meta para 2026 é atingir 100 a 200 favelas em todo o Brasil, com cronograma de expansão gradual, levando em consideração as diferentes necessidades de cada comunidade.

Desafios do mercado

A educação financeira em favelas enfrenta barreiras semelhantes às do mercado tradicional. Muitas pessoas têm pouco contato com o conceito de seguro e encaram o assunto com desconfiança. A Favela Seguros atua de forma contínua, dialogando com moradores, explicando produtos e mostrando exemplos reais de como a proteção financeira faz diferença.

“Não se trata apenas de vender um seguro, mas de plantar a cultura de proteção. Quando uma família consegue acessar um serviço funeral ou telemedicina sem recorrer a vaquinhas, isso transforma vidas e fortalece a comunidade”, afirma o Head.

Um modelo de inclusão financeira

O projeto também levanta uma questão maior: como incluir economicamente quem tradicionalmente não tem acesso a produtos financeiros? A Favela Seguros mostra que combinar educação, capacitação e produtos acessíveis pode ser uma estratégia eficaz.

“Antes de falar em investimentos ou seguros, precisamos garantir educação, condições mínimas de vida e acesso à informação. É isso que permite às pessoas tomar decisões financeiras conscientes”, conclui Ronaldo Gama.

A iniciativa evidencia que inclusão financeira não é apenas social, mas estratégica: quando comunidades têm acesso à educação e produtos de proteção, todos saem ganhando das famílias aos profissionais de seguros, passando pelo desenvolvimento econômico local.