Frank

Fundadora de startup é condenada por fraude contra JPMorgan

Um júri do tribunal federal de Manhattan deu seu veredito nesta sexta-feira (28), concluindo que Javice, de 32 anos, mentiu e falsificou dados

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JPMorgan / Foto: Divulgação

Charlie Javice foi considerada culpada de fraudar o JPMorgan Chase & Co. na venda de sua startup de financiamento estudantil, Frank, por US$ 175 milhões, após um julgamento de seis semanas.

Um júri do tribunal federal de Manhattan deu seu veredito nesta sexta-feira (28), concluindo que Javice, de 32 anos, mentiu e falsificou dados de usuários para convencer o maior banco dos EUA de que seu site tinha mais de 4,25 milhões de usuários, quando, na realidade, possuía menos de 300 mil. Os jurados deliberaram por aproximadamente seis horas antes de chegarem à decisão.

Javice ainda será sentenciada. Ela enfrenta uma pena máxima de 30 anos de prisão pela acusação mais grave de fraude bancária, embora seja provável que receba uma sentença menor.

Javice parecia abatida, enquanto seu corréu, Oliver Amar, que também foi condenado, olhou para o chão e balançou a cabeça ao ouvir o veredito. Membros da família da empreendedora e apoiadores que estavam na primeira fila pareceram chocados com a decisão.

JPMorgan: julgamento de Javice lança luz sobre processo de ‘due diligence’

Graduada na Wharton School da Universidade da Pensilvânia e com investidores de peso, incluindo o cofundador da Apollo Global Management Inc., Marc Rowan, Javice foi uma das várias jovens empreendedoras com origens de elite processadas por fraude nos últimos anos. Assim como Sam Bankman-Fried, fundador da FTX, ela já foi nomeada uma das “30 jovens líderes empresariais promissoras com menos de 30 anos” pela revista Forbes.

O julgamento também trouxe à tona falhas no processo de due diligence (verificação prévia) do JPMorgan. Embora o banco tenha mobilizado cerca de 350 funcionários para analisar o acordo de 2021, não conseguiu detectar a fraude e chegou a recusar duas ofertas para que os dados de Frank fossem auditados por uma empresa externa.

Um cientista de dados contratado por Javice por US$ 18 mil testemunhou que os dados de usuários “sintéticos” criados para enganar o JPMorgan poderiam ter sido facilmente desmascarados com ligações simples para os supostos clientes.

Os advogados de Javice tentaram desviar o foco para as falhas do banco, argumentando que o JPMorgan não se importava realmente com o número de usuários da Frank, mas queria fechar o negócio antes que outro banco o fizesse. Segundo o Valor, Leslie Wims Morris, ex-chefe de desenvolvimento corporativo do JPMorgan, admitiu que sua equipe erroneamente acreditou que o Bank of America também estava interessado na aquisição da Frank.