A Golden Cross, que teve a liquidação extrajudicial decretada há dois meses, possui uma dívida de cerca de R$ 200 milhões com hospitais, clínicas e laboratórios de saúde. Como a operadora atuava no Rio de Janeiro, a maior parte do débito está concentrada na capital fluminense, segundo informações da AHERJ (Associação dos Hospitais do Estado do Rio de Janeiro).
Marcus Camargo Quintella, presidente da AHERJ, afirmou que não há a quem recorrer e que não existe um canal de comunicação com a operadora. “Não temos quem acionar, ninguém atende ao telefone, não há com quem falar na Golden Cross. Eles não têm provisão. Tomamos um tombo e caminhamos para outro com a Unimed-Ferj [que deve R$ 2 bilhões a estabelecimentos de saúde]. A situação para os prestadores de saúde no Rio está muito complicada”, disse ele ao Valor.
As regras da Lei de Falências também se aplicam às operadoras de planos de saúde que entram em liquidação extrajudicial, como é o caso da Golden Cross. Com isso, as reservas são destinadas, prioritariamente, ao pagamento de funcionários e tributos.
Especialistas do setor apontam que, apenas após esses agentes, os estabelecimentos de saúde entram na fila de recebimento.
Impacto da liquidação da Golden Cross
A Golden Cross não divulgou os resultados do primeiro trimestre de 2025 e, por isso, não há informações atualizadas sobre as reservas disponíveis. No final de 2024, a operadora registrava previsões de R$ 262,3 milhões, sem considerar os ressarcimentos ao SUS (Sistema Único de Saúde). Segundo o CQCS, esse total, R$ 193,7 milhões eram destinados ao pagamento de procedimentos médicos já realizados por estabelecimentos de saúde.
As operadoras são notificadas sobre esses procedimentos, com os respectivos valores, que devem ser provisionados até a chegada da conta médica. Caso os recursos não tenham sido utilizados para pagar os prestadores até a data da liquidação extrajudicial, as reservas passam a ser destinadas ao pagamento dos credores, conforme estabelece a Lei de Falências.