
A Heineken confirmou nesta sexta-feira (20) que perdeu o controle operacional de suas instalações no leste da República Democrática do Congo e retirou todos os funcionários das áreas afetadas pelos confrontos armados.
A cervejaria holandesa já havia anunciado em março a suspensão temporária de suas atividades nas cidades de Goma, Bukavu e Uvira, após ataques que danificaram fábricas e saques a depósitos durante os embates entre o exército congolês e o grupo rebelde M23.
Heineken confirma perda de controle em Bukavu e Goma
Segundo novo comunicado, a situação se agravou.
Grupos armados tomaram o controle das instalações da empresa em Bukavu e Goma, as duas maiores cidades da região, além de áreas vizinhas. As duas localidades estão atualmente sob controle rebelde.
“As condições para operar com segurança deixaram de existir, e em 12 de junho de 2025, perdemos o controle operacional”, informou a empresa.
Apesar da crise, a Bralima, subsidiária da Heineken no país, mantém operações em regiões do Congo que não foram afetadas pelos combates.
A empresa afirmou que continuará monitorando o avanço do conflito para avaliar seus próximos passos.
O grupo possui quatro fábricas no país e produz, além da cerveja Heineken, marcas populares como Primus e Amstel. A unidade de Bukavu empregava cerca de mil pessoas, direta e indiretamente.
“Nossa prioridade continua sendo a segurança e o bem-estar dos nossos colaboradores. Retiramos todos os funcionários restantes das áreas afetadas e seguimos prestando apoio financeiro”, destacou a empresa no comunicado.
A região do leste do Congo vive uma escalada de violência. O grupo rebelde M23 avançou rapidamente nos últimos meses, intensificando os combates e elevando o risco de um conflito de maiores proporções.
O governo congolês acusa Ruanda de fornecer armas e tropas ao M23. Kigali, por sua vez, nega envolvimento. Nesta semana, Congo, Ruanda e Estados Unidos anunciaram que suas equipes técnicas chegaram a um rascunho de acordo de paz, com previsão de assinatura na próxima semana.
O Congo é um dos principais mercados africanos da Heineken, que obtém cerca de 14% de sua receita global a partir de operações na África e no Oriente Médio. Goma, Bukavu e Uvira representavam aproximadamente um terço das receitas da empresa no país.