Foto: BP Money
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A liquidação extrajudicial do Banco Master, decretada nesta terça-feira (18) pelo Banco Central, gerou preocupação imediata entre fundos de previdência municipais que possuem aplicações significativas em títulos da instituição.

A decisão, assinada por Gabriel Galípolo, também determinou a liquidação judicial da Master S.A. Corretora de Câmbio e nomeou a EFB Regimes Especiais de Empresas como responsável pela administração do processo.

A intervenção ganhou ainda mais peso após a prisão do proprietário do Master, Daniel Vorcaro, realizada pela Polícia Federal em São Paulo na manhã de hoje.

Com o anúncio da liquidação, veio à tona a dimensão da exposição de fundos públicos aos títulos do Master — um fator que amplia a pressão por respostas rápidas sobre o futuro desses recursos. Documentos oficiais mostram que mais de R$ 1,8 bilhão está aplicado por institutos de previdência municipais em papéis da instituição.

O maior risco recai sobre o Rioprevidência, que concentra R$ 970 milhões. Também estão fortemente expostos a Amaprev (R$ 400 milhões), o município de Maceió (R$ 97 milhões), além dos fundos de São Roque (R$ 93 milhões) e Cajamar (R$ 87 milhões).

Há ainda posições relevantes em Itaguaí, Amazonprev, Aparecida de Goiânia e diversos municípios do Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.

As aplicações menores — que variam de R$ 1,2 milhão a R$ 29 milhões — incluem cidades como Araras, Congonhas, Campo Grande, Angélica, Paulista e Santa Rita d’Oeste.

A expectativa agora recai sobre os próximos passos da liquidante, que deverá avaliar a situação dos ativos, o grau de recuperação possível e o impacto final para os regimes próprios de previdência.

O tema já provoca inquietação entre gestores públicos, que temem consequências para o equilíbrio atuarial dos fundos caso parte dos valores não seja recuperada.

O banco já enfrentava questionamentos desde o veto do BC ao acordo em que o BRB (Banco de Brasília) buscava adquirir uma participação na instituição, negociação paralisada desde março.

Investigações

A Polícia Federal realizou na última terça-feira (18) novas ações da Operação Compliance Zero, que apura um esquema de emissão e negociação de títulos de crédito falsos ligados ao Banco Master.

Agentes cumpriram mandados de busca e apreensão e efetuaram prisões preventivas como parte da ofensiva.

O caso reacende a relação entre o Master e o BRB, que chegou a negociar a compra da instituição em março de 2025 — operação que acabou vetada pelo Banco Central após meses de análise.

Entre os detidos estão o dono do banco, Daniel Vorcaro, o ex-sócio Augusto Lima e o tesoureiro Alberto Félix.

As prisões ocorreram menos de 24 horas após o Master anunciar um acordo de venda para a Fictor e um grupo de investidores internacionais, movimento que agora passa a ser avaliado sob um novo contexto de investigação.