A Mercado Livre (MELI34) entrou no setor farmacêutico no Brasil e adquiriu a farmácia da healthtech Memed. Oficialização depende da autorização do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica)
Segundo o Pipeline, a compra foi feita através da subsidiária Kangu. A drogaria Cuidamos Farma fica no bairro de Jabaquara, em São Paulo (SP).
A Mercado Livre já atual no setor farmacêutico no México, já que a legislação do país permite. A companhia já vinha discutindo uma estratégia para expandir a operação no comércio on-line de remédios sem prescrição médica.
A Memed é conhecida pela plataforma de prescrição digital de receitas médicas e controlada pelos fundos Genoma IV e VII, da DNA Capital – que tem Pedro Bueno, acionista da Dasa, como sócio.
Procurados pelo Pipeline, o Mercado Livre confirmou a tratativa e disse que “no momento oportuno irá compartilhar mais informações a respeito”; a Memed disse que “como etapa final do processo estratégico, negociou a possível venda de um ponto de varejo físico, sem o estabelecimento de qualquer relação societária ou comercial entre a empresa e Mercado Livre.”
Efeito limitado a curto prazo, dizem analistas
Analistas avaliam positivamente o pontapé da Mercado Livre no novo setor, mas enxergam um efeito limitado no curto prazo e uma empreitada nada trivial, disse a Reuters, via Investing.com.
“Um movimento óbvio por parte do Mercado Livre, à medida que busca manter seu ritmo de crescimento no Brasil”, afirmaram analistas do Itaú BBA em relatório enviado a clientes no domingo à noite.
“Embora o timing possa parecer curioso… nunca entendemos completamente por que a empresa permaneceu ausente de um dos maiores segmentos do varejo”, acrescentaram, avaliando que isso torna a movimentação ainda mais convincente.
“Após anos estudando e monitorando o setor, parece evidente que o Mercado Livre já tem um plano traçado para tentar alcançar escala e relevância”, destacaram Rodrigo Gastim e equipe.
“Mas a jornada será longa e exigirá muito capital. Está longe de ser trivial determinar quão bem-sucedido o Mercado Livre será, de fato, nessa empreitada.”
Analistas do Safra também elogiaram a decisão, citando que a empresa estaria entrando em um novo mercado que atualmente representa quase um quarto das vendas das grandes redes de farmácias.
“No entanto, observamos que essa aquisição, por si só, teria um impacto limitado no Mercado Livre e nas redes farmacêuticas”, afirmaram Vitor Pini e equipe.
Eles citaram que, de acordo com a regulamentação brasileira, a venda online de medicamentos só pode ser realizada por uma farmácia física — centros de distribuição não são permitidos– com a supervisão de um farmacêutico no local.
“Consequentemente, como o Mercado Livre está adquirindo uma única farmácia em São Paulo, neste momento seu poder de fogo para competir com as redes farmacêuticas seria limitado.”
Os analistas do Safra veem a aquisição como um campo de testes para iniciativas futuras, possivelmente maiores.
Mas, apesar do impacto muito limitado no momento, consideram a notícia negativa para as redes de farmácias, pois elas podem vir a enfrentar um concorrente muito forte e agressivo no segmento online.
Impacto na bolsa
O anúncio da possível compra fez com que as ações de outras empresas do setor farmacêutico caíssem na sexta-feira (29). Segundo o Infomoney, RD Saúde (RADL3), viu sua ação cair 6,90%. Pague Menos (PGMN3) caiu 3,72%, enquanto Panvel (PNVL3) teve baixa de 0,97%.