Pouco mais de um ano após a aprovação do segundo plano de recuperação judicial, a Oi (OIBR3) enfrenta dificuldades para cumprir os compromissos firmados e apresentou um pedido de flexibilização nas condições de pagamento, afetando credores trabalhistas e fornecedores.
Na noite de terça-feira (1), a empresa protocolou um aditivo ao plano aprovado em abril de 2024, que previa medidas para reorganizar a dívida bilionária.
Junto ao aditivo, a operadora solicitou uma tutela de urgência para suspender, por 180 dias, a execução das obrigações previstas no plano, enquanto busca aprovar as mudanças com os credores.
A proposta de modificação visa equilibrar o fluxo de caixa da companhia, já que algumas iniciativas previstas inicialmente não se concretizaram, gerando uma frustração de cerca de R$ 2 bilhões nas receitas.
“Revisamos a situação da companhia, o que já foi implementado e o que ainda está pendente. Percebemos a necessidade de correção de rota”, afirmou Marcelo Milliet, presidente da Oi, em entrevista ao Estadão/Broadcast.
Venda frustrada da Oi Fibra agravou situação financeira
Milliet assumiu o comando da empresa em dezembro de 2024, após a aprovação do plano, indicado pela consultoria Íntegra, especializada em reestruturação e contratada por credores que converteram parte da dívida em ações, tornando-se os novos acionistas.
Entre os principais credores estão gestoras internacionais como Pimco, SC Lowy e Ashmore.
Segundo o executivo, o principal problema no orçamento veio da venda da operação de banda larga (Oi Fibra) para a V.tal.
A expectativa era de uma entrada de R$ 7,3 bilhões à vista, mas a operação foi fechada por R$ 5,4 bilhões, com compensações em dívidas e entrega de ações, sem desembolso em dinheiro.
A parcela de R$ 1,5 bilhão que deveria reforçar o caixa da empresa não se concretizou.
Outro revés foi o atraso no fim da concessão de telefonia fixa, que só ocorreu em novembro – quatro meses depois do previsto. Isso adiou cortes de custos essenciais para a recuperação.
Oi propõe novas condições de pagamento
Sem alternativas, a empresa decidiu propor novos termos.
Para credores trabalhistas, dívidas de até R$ 9 mil seriam quitadas em até 180 dias, alcançando boa parte dos pequenos credores.
Já débitos de até 150 salários mínimos (cerca de R$ 225 mil) teriam prazo de pagamento de até três anos.
Valores superiores seriam parcelados até 2038, mesma lógica aplicada a grandes credores corporativos.
“É uma abordagem mais equitativa. Os menores devem ter prioridade”, justificou Milliet.