Virou tendência

‘Ozempic dos mais ricos’: conheça nova febre da Faria Lima

A fabricante do chamado "Ozempic dos mais ricos" chegou a superar a Tesla em valor de mercado no início de 2024.

Foto: Divulgação
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O medicamento conhecido como “Ozempic dos mais ricos”, que promete ser a nova tendência da Faria Lima, está mais próximo de chegar ao Brasil. Segundo a representante da fabricante do fármaco no País, a Eli Lilly (LILY34), só faltam “alguns passos” até que o Mounjaro chegue ao mercado nacional.

O Mounjaro foi aprovado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no final de 2023. Sua chegada ao mercado brasileiro deve desbancar o Ozempic em seu uso “off label” (fora da bula).

Assim como o Ozempic, o Mounjaro também é indicado para o tratamento de diabetes tipo 2. Porém, segundo o CFF (Conselho Federal de Farmácia), estudos comprovaram que o Mounjaro é capaz de “reduzir os níveis de açúcar no sangue e promover a perda de peso em níveis inéditos com segurança”.

E esse é um dos maiores atrativos do medicamento para seu uso “off label”: segurança e rápida redução das medidas.

Quando os efeitos sobre a diminuição de peso do Ozempic passaram a ser conhecidos, o fármaco esgotou rapidamente das prateleiras das farmácias, especialmente na Faria Lima.

Seu sucesso foi muito grande entre agentes do mercado financeiro, devido à rotina intensa e à ausência de tempo para se exercitar.

No momento, o Ozempic custa entre R$ 500 e R$ 1.000. As projeções para os preços do Mounjaro giram em torno de US$ 1.100, correspondendo a cerca de R$ 5.600,87, seguindo a cotação atual da moeda norte-americana.

Alguns estabelecimentos ouvidos pelo BPMoney apontaram que o Ozempic sai do estoque com muita rapidez. O teleatendente da rede Pague Menos (PGMN3), Raul Pereira, declarou que em muitos municípios o medicamento está em falta devido à alta demanda.

Diferença entre Ozempic e Mounjaro

Uma das principais diferenças entre os medicamentos é o seu princípio ativo: o Mounjaro conta com a tizepatida, ao passo que o Ozempic utiliza a semaglutida.

As duas substâncias pertencem à mesma classe de medicamentos. Ou seja, são análogos ao GLP-1 (Glucagon-Like Peptide-1), que imita o hormônio natural.

“O GLP-1, um hormônio intestinal produzido pelo corpo humano, desempenha um papel importante na regulação do açúcar no sangue e do apetite. Ele tem a ação de diminuir o esvaziamento gástrico e estimular a secreção de insulina pelo pâncreas, ajudando a controlar os níveis de glicose no sangue”, explicou a Dra. Juliana Freitas, Médica do Esporte com ênfase em Nutrologia e Medicina Integrativa.

Contudo, Freitas pontua que mesmo havendo eficácia no uso “off label” do medicamento, estudos também correlacionam a restrição calórica intensa e indevida como destrutivos para o metabolismo.

Além disso, ela acrescenta que, em 2022, a Anvisa registrou 2.834 casos de intoxicação por medicamentos para emagrecer.

“Dentre eles, 38% desses casos (1.072) foram considerados graves, com necessidade de hospitalização. 11% dos casos (315) resultaram em óbito. E, em comparação com 2021, houve um aumento de 14% no número total de casos de intoxicação, um aumento de 18% nos casos graves e um aumento de 22% nos casos de óbito. A maioria dos casos (85%) foi em mulheres”, concluiu.

Fabricante do Mounjaro apresentou receita de US$ 9.35 bilhões no 4TRI23

A Eli Lilly (LILY34), que produz o Mounjaro, apresentou um crescimento de 28% nos resultados financeiros globais, fazendo a receita da companhia somar US$ 9,35 bilhões.

“Esse crescimento foi impulsionado por novos lançamentos de produtos, incluindo Mounjaro e Zepbound. No quarto trimestre de 2023, a receita mundial de Mounjaro foi de US$ 2,21 bilhões, ultrapassando os US$ 5,1 bilhões no acumulado de 2023”, disse a companhia ao BPMoney.

Em meados de janeiro, a Eli Lilly conseguiu superar o valor de mercado da Tesla (TSLA34). Informações da “Bloomberg” apontaram que o movimento indicava a expectativa de investidores sobre o sucesso do medicamento.

Atualmente, uma das maiores concorrentes da Eli é a Novo Nordisk (fabricante do Ozempic). Mas, de acordo com o “Valor”, as duas estão prestes a enfrentar mais uma empresa nessa disputa, a Zealand Pharma.

No último ano, o preço da ação da Zealand apresentou uma alta de 100%, após investidores notarem o potencial de crescimento da companhia na “corrida contra a obesidade”.

No pregão de terça-feira (16), os papéis da Zealand, negociados em Londres sob o ticker 0NZU, fecharam com leve queda de 0,37%, cotados a 599,25 coroas dinamarquesas.

Sucesso de produtos gera escassez de oferta 

Apoios de celebridades, somados ao sucesso dos tratamentos da Eli Lilly e da Novo Nordisk, fizeram com que os fármacos se tornassem cada vez mais procurados, gerando escassez na oferta.

Diante disto, analistas do Goldman Sachs acreditam que o segmento de medicamentos para perda de peso expandirá. Informações do “Valor” apontam que esse percado deve ir de US$ 6 bilhões para US$ 100 bilhões em 10 anos.

Mesmo com parte desses produtos sendo usados como “off label”, a Anvisa informou ao BPMoney que todos os medicamentos registrados pelo órgão “permanecem sendo monitorados”.

“Por definição, o uso off label é um uso não autorizado por uma agência reguladora, mas não implica que seja incorreto. Trata-se de uma indicação feita por conta e risco do profissional que prescreve o medicamento”, acrescentou a organização.