A presidente da Nasdaq, Adena Friedman, defendeu nesta segunda-feira (15) que as empresas de capital aberto tenham a opção de divulgar balanços trimestrais ou semestrais. Com isso, a companhia se soma ao coro que apoia as reformas propostas à SEC (Secutities and Exchange Comission).
Os comentários foram feitos após o presidente dos EUA, Donald Trump, fazer um novo apelo pelo fim dos avanços corporativos trimestrais, uma medida que mudaria grandemente o cenário empresarial do país. Informações da Reuters, via Infomoney.
“Obrigado, presidente Trump, por abordar um dos principais desafios que os líderes de empresas de capital aberto enfrentam: a visão de curto prazo, exacerbada pelos relatórios trimestrais”, disse Friedman em uma publicação no LinkedIn.
A executiva disse que minimizar o atrito, a carga e os custos associados ao fato de ser uma empresa de capital aberto pode injetar mais energia nos mercados de capitais dos EUA e estimular o crescimento econômico.
A Nasdaq já havia defendido publicamente a simplificação das exigências de relatórios, sugerindo que as empresas tivessem a opção de apresentar relatórios semestrais no lugar dos trimestrais.
Bolsa dos EUA pretende acabar com balanços trimestrais, diz jornal
A LTSE (Long-Term Stock Exchange) planeja acabar com os balanços trimestrais. A bolsa dos EUA é especializada em companhias que priorizam metas de longo prazo, de acordo com ela mesma. O presidente dos EUA, Donald Trump, parece apoiar o projeto.
O CEO da LTSE, Bill Harts, disse ao Wall Street Journal que, para ele, o fim dos relatórios trimestrais é “uma ideia cuja hora chegou”. “Ouvimos muito a respeito de como é excessivamente oneroso ser uma empresa de capital aberto”, declarou. Informações via Brazil Journal e Folha de Pernambuco.
De acordo com o jornal estadunidense, a bolsa planeja encaminhar uma petição à SEC (Secutities and Exchange Comission) sugerindo a mudança na obrigatoriedade dos balanços trimestrais. A divulgação passaria a ser semestral e não valeria apenas para companhias de capital aberto.
Os defensores da obrigatoriadade apontam que a divulgação trimestral dá maior transparência, reduz a assimetria de informações entre insiders e observadores externos, disciplina na gestão operacional e maior liquidez dos papéis.
Empresas norte-americanas não devem “ser forçadas”, diz Trump
O presidente dos EUA, Donald Trump, publicou nesta segunda-feira (15), em sua conta na Truth Social, que as empresas norte-americanas não devem mais “ser forçadas” a divulgar resultados trimestrais. “Isso economizará dinheiro e permitirá aos gerentes focar em conduzir apropriadamente suas companhias”, escreveu.
“Você já ouviu o ditado que a ‘China tem visão de 50 a 100 anos na gestão de uma empresa, enquanto conduzimos nossas empresas em uma base trimestral’? Isso não é bom!”, escreveu o republicano.
A ideia não é nova
A proposta de acabar com os balanços trimestrais não é novidade. Em 2018, Jamie Dimon, CEO do JP Morgan, e Warren Buffet defenderam o fim do guidance trimestral em um artigo no Wall Street Journal – com o título “O ‘curto-prazismo’ está prejudicando a economia” – e em uma entrevista à CNBC.
“Reduzir ou mesmo eliminar as projeções de lucros trimestrais não eliminará, por si só, todas as pressões de desempenho de curto prazo que as empresas de capital aberto dos EUA enfrentam atualmente, mas seria um passo na direção certa,” escreveram os executivos.
“Em nossa experiência, o guidance de resultados trimestral muitas vezes leva a um enfoque não saudável nos lucros de curto prazo, em detrimento da estratégia, do crescimento e da sustentabilidade de longo prazo,” disseram.
Na perspectiva de Dimon e Buffet, tudo que os mercados acionários dos EUA devem “focar no futuro e construir riqueza e oportunidades de longo prazo tornará o país mais forte, resiliente e competitivo.”
“A longo prazo, isso fortalecerá a economia americana, beneficiará os trabalhadores, acionistas e investidores americanos e deixará um legado geracional do qual podemos nos orgulhar,” afirmaram Dimon e Buffett.
A SEC instituiu a exigência do balanço trimestral em 1970. A obrigatoriedade já caiu há mais de uma década na Europa, embora muitas empresas ainda publiquem os balanços trimestrais (seguindo as exigências dos EUA).
Mesmo com a aprovação da proposta, as companhias mais negociadas provavelmente continuarão divulgando os números trimestralmente, atendendo à demanda dos analistas e investidores.
No Brasil, as empresas de capital aberto precisam publicar os relatórios trimestrais tanto por exigência da CVM (Comissão de Valores Mobiliários) quanto da B3.