Juros em 10,50%

Selic alta aumenta pressão sobre empresas endividadas

Muitos executivos esperavam uma redução nas taxas, o que facilitaria o refinanciamento dos empréstimos

Foto: unsplash
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Empresas brasileiras que se endividaram em tempos de juros baixos agora enfrentam uma nova realidade: taxas de juros de dois dígitos por um período mais prolongado do que o previsto.

O ciclo de flexibilização do Banco Central do Brasil está aparentemente chegando a um fim antecipado, com traders apostando que a taxa básica de juros permanecerá em 10,5% ao ano após a reunião do Copom desta quarta-feira (19), que manteve a Selic inalterada.

Isso indica que os custos de empréstimos ficarão acima de 10% no futuro próximo, conforme refletido na curva de swaps do Brasil.

Este cenário representa um desafio adicional para empresas com dívidas de taxa flutuante adquiridas quando as taxas estavam em mínimos históricos, em torno de 2% ao ano durante a pandemia.

Muitos executivos esperavam uma redução nas taxas, o que facilitaria o refinanciamento dos empréstimos.

Globalmente, consumidores, diretores financeiros e ministros da economia estão sendo forçados a se adaptar a um cenário de taxas de juros elevadas por um período prolongado.

No Brasil, a situação é particularmente notável, pois os formuladores de política monetária da maior economia da América Latina foram pioneiros tanto no aumento quanto na redução das taxas.

Essa campanha foi interrompida devido a incertezas sobre a inflação persistente e a capacidade do país de controlar seu déficit fiscal.

“Há um desconforto geral em relação à situação fiscal do Brasil”, afirmou Ricardo Carvalho, chefe de ratings corporativos brasileiros da agência Fitch.

Carvalho acrescentou que o mercado de títulos offshore está praticamente fechado para todas as empresas, exceto as maiores e de maior rating.

Vencimentos de debêntures e o desafio para as empresas

Empresas brasileiras enfrentam uma agenda apertada de vencimentos de debêntures, com R$ 81 bilhões previstos para 2025 e R$ 128 bilhões para 2026, conforme dados da Bloomberg.

Além disso, há US$ 18 bilhões em notas internacionais com vencimento até o final de 2026.

A emissão de títulos em dólares por empresas do Brasil diminuiu mais de 50% nos últimos três meses em relação ao início do ano. Essa queda coincide com as declarações do Federal Reserve dos EUA, que indicaram a manutenção de taxas de juros elevadas por um período prolongado.

As expectativas de apenas um corte nas taxas de juros neste ano pelo Fed frustraram os traders, que esperavam por uma flexibilização mais rápida.

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