A Engie Brasil Energia (EGIE3) vendeu sua última usina, a termelétrica Pampa Sul, por R$ 2,2 bilhões, e saiu do carvão no país, reforçando o caminho de pavimentar o processo de descarbonização do seu portfólio de geração de energia.
O negócio foi fechado com os fundos de investimento em participações Grafito e Perfin Space X, geridos pelas empresas Starboard e Perfin. Desde 2016, com a decisão de sair de combustíveis fósseis, a Engie se desfez de quatro térmicas.
Localizada em Candiota, no Rio Grande do Sul, a térmica de 345 megawatts (MW) pode gerar energia suficiente para atender cerca de 1,3 milhão de pessoas. O diretor-presidente da empresa, Eduardo Sattamini, diz que o objetivo é que o capital seja aplicado em aumento de capacidade eólica e solar e transmissão de energia.
“O reposicionamento do grupo rumo à neutralidade de carbono começou em 2015 e, desde então, já investimos mais de R$ 20 bilhões na ampliação da nossa capacidade instalada em renováveis e em diversificação de portfólio, com a entrada na área de transmissão”, afirmou o executivo, segundo o “Valor”.
“Essa mudança tem exigido investimentos vultosos para acelerar a transição energética e melhorar as condições de suprimento do sistema elétrico nacional, com linhas de transmissão interconectadas que garantam as condições de intercâmbio entre as regiões produtoras e consumidoras”, completou Sattamini.
O valor da transação foi dividido entre o preço da venda, no montante de até R$ 450 milhões, e da assunção do endividamento pelos compradores, no valor aproximado de R$ 1,8 bilhão.
Atualmente, a companhia conta com 75 usinas e capacidade instalada superior a 8,4 GW. O valor da venda chega em um momento estratégico em que a empresa acelera os investimentos.
De acordo com Sattamini, a companhia dispõe de 3,5 GW de capacidade a ser instalada considerando os projetos em carteira, incluindo a mais recente aquisição, Serra do Assuruá, formado por 24 parques que totalizam 880 MW na Bahia por meio de um investimento da ordem de R$ 6 bilhões.
Venda de termelétrica simboliza transição da Engie
a Pampa Sul representava apenas 3% da potência instalada da empresa, por isso a venda foi simbólica em um contexto de transição energética para uma economia de baixo carbono. Agora, o carvão é página virada para a companhia, que quer crescer apenas em renováveis.
Fora do Brasil, a meta da empresa é mais ambiciosa e prevê o fechamento de usinas no Chile e Peru. Esta condição não se aplicou à UTE Pampa Sul (345 MW), já que além da discussão sobre o papel social e econômico da usina na região, a térmica tem contratos de longo prazo que encerram apenas em 2043.
O processo representou mais um passo da Engie, que está comprometida a alcançar a neutralidade em carbono no mundo até 2045. A empresa tem hoje pouco mais de 100 gigawatts (GW) de capacidade instalada. Do total, 36 GW são provenientes de fontes renováveis. Com o carvão, a empresa tem como objetivo abandonar totalmente a fonte em 2027.