
O PMI (Purchasing Managers’ Index), ou Índice de Gerentes de Compras, é um dos indicadores mais acompanhados por investidores e economistas em todo o mundo. Produzido pela S&P Global, o índice mede a atividade do setor privado, servindo como um termômetro antecipado da economia antes da divulgação de dados oficiais como PIB e produção industrial.
De acordo com Fabio Louzada, economista e fundador da Faculdade Brasileira de Negócios e Finanças (FBNF), o PMI “é uma pesquisa mensal com gestores de compras que sintetiza em um número se a atividade do setor privado está se expandindo ou contraindo”.
“É um termômetro que chega antes do PIB e dá ao investidor um ‘sinal de fumaça’ sobre demanda, emprego e pressões de preços”, explica Louzada. “Não é o veredito final, mas costuma mudar posicionamentos de carteira porque antecipa tendências reais da atividade.”
Como o PMI é calculado
O PMI é construído a partir de uma pesquisa mensal com executivos de empresas dos setores industrial e de serviços. As respostas são transformadas em um índice que varia de 0 a 100:
- Acima de 50 indica expansão;
- Abaixo de 50 indica contração;
- Em 50, aponta estabilidade.
A S&P Global publica três versões principais: o PMI de manufatura, de serviços e o composto, que agrega ambos.
Segundo Leonardo Andreoli, analista da Hike Capital, o índice é um “indicador antecedente de ciclo”, capaz de captar “viradas na demanda, gargalos de produção e tendência de emprego com semanas de antecedência”.
Por que o mercado acompanha o PMI de perto
Para investidores empresários e até mesmo governos o PMI é considerado um dos primeiros sinais sobre o rumo da economia.
“Uma surpresa positiva no PMI reconstrói risco de crescimento e afeta ações, dólar e curva de juros. Já uma surpresa negativa corrói lucros previstos e aperta spreads de crédito”, explica Louzada.
Para Rogles Carreiro de Melo, economista e consultor da ABN Advogados Associados, o índice “auxilia na previsão antecipada do desempenho econômico, sendo utilizado por investidores, governos e analistas para ajustar estratégias de crédito, juros e investimentos”.
“Momento de transição” na economia
O resultado mais recente do PMI apontou que o país vive um “momento de transição”, expressão usada por analistas para descrever uma mudança de ritmo na atividade.
Andreoli, da Hike Capital, destaca que o movimento recente indica “perda de fôlego onde havia resiliência e alívio onde havia contração”. Segundo ele, “o Brasil sai de um quadro de expansão puxada por serviços para um ritmo mais fraco e generalizado”.
Dados de setembro mostram o PMI de serviços em leve alta, de 53,9 para 54,8 pontos, enquanto a manufatura subiu de 52 para 52,2 pontos, sinalizando expansão, porém desigual.
Política monetária: o que o PMI sinaliza
Embora o PMI não determine decisões isoladamente, ele é observado por bancos centrais ao redor do mundo, inclusive pelo Banco Central do Brasil.
“Leituras mais fortes complicam a vida de quem aposta em cortes imediatos de juros, porque sinalizam atividade resistente”, comenta Louzada. “Mas o conjunto de dados ainda favorece um cenário de queda gradual da Selic.”
Segundo Adenauer Rockenmeyer, delegado do Corecon-SP, o indicador “oferece uma perspectiva valiosa sobre o futuro da economia, auxiliando na compreensão das tendências da demanda e na tomada de decisões empresariais e monetárias”.
Um termômetro antecipado do ciclo econômico
Com base em pesquisas mensais e resposta rápida às mudanças de mercado, o PMI se tornou uma ferramenta essencial para entender o momento da economia. Ele antecipa tendências, influencia estratégias de investimento e ajuda autoridades monetárias a calibrar o ritmo da política de juros.
“O PMI é o tipo de indicador que não apenas reflete o presente — ele antecipa o que vem pela frente”, resume Louzada.