A Evergrande, segundo maior incorporador imobiliário da China em vendas, vem enfrentando uma crise da dívida imobiliária e sendo o foco dos investidores locais que apresentam receio que este cenário se alastre em outros setores do mercado. Entretanto, para o chefe de estratégia global da XP Investments em Miami, Alberto Bernal, o governo central chinês não permitirá o alargamento desta situação.
“Eu duvido que até mesmo uma quebra da Evergrande leve a um ‘evento Lehman’, pois isso seria perigoso demais e o governo chinês tem a capacidade de impedir isso”.
O profissional se refere à quebra do Lehman Brothers, em 2008, quando o Ibovespa derreteu 7,59%, a maior queda diária desde os ataques de 11 de setembro de 2001. O Lehman Brothers, na época o quarto maior banco de investimentos dos Estados Unidos, anunciou sua concordata.
Segundo o estrategista, há algumas coisas que o governo chinês pode fazer para impedir o agravamento da situação. “Ele pode não intervir, que é a opção Lehman, que eu não acho que eles vão escolher. Eles também podem resgatar [“bailout”] a Evergrande, mas eu não acho que eles farão isso, pois emite uma sinalização errada do lado moral. E a terceira, que eu considero mais provável, é fornecer liquidez para evitar um contágio”, explica.
De acordo com a afirmação de Bernal “deixar um ‘evento Lehman’ acontecer seria uma opção deliberada do governo chinês”. Ele acrescenta que o estado tem a capacidade necessária para conter um contágio. “Eu não acho que eles deixarão algo tão perigoso quanto isso acontecer sem intervenção”.