Os funcionários demitidos pela KPE Engenharia em março ainda aguardam pagamentos de atrasados, como salários, rescisões e FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Conforme apurou o BP Money, ex-funcionários não tiveram seus direitos trabalhistas garantidos pela construtora.
Em março, o BP Money trouxe com exclusividade a informação de que a KPE Engenharia havia demitido todo o seu staff, além de não ter realizado pagamentos de salários atrasados de funcionários e de fornecedores de obras.
Segundo apurou à reportagem, os funcionários demitidos estão se sentindo “isolados” e já não recebem mais informações. Fontes internas afirmam que a nova gestão já assumiu, mas que ainda não há posicionamento e nem previsão de pagamento dos atrasados.
Um ex-funcionário, que preferiu não se identificar, afirmou que cerca de 90% do corporativo da empresa foi demitido, mas que ninguém passa nenhuma informação há mais de um mês.
“Pais de família estão passando necessidade”, relatou um dos funcionários demitidos.
O BP Money entrou em contato com a KPE Engenharia, mas até o momento não obteve retorno.
KPE Engenharia é vendida para a Coesa
Mais cedo, a reportagem apurou que a Coesa realizou a compra da KPE Engenharia. Ambas empresas fizeram parte do Grupo OAS Empreendimentos.
Segundo o colunista Lauro Jardim, do “O Globo”, os novos donos adquiriram a construtora a custo zero. No entanto, eles herdarão as dívidas da empresa. De acordo com ele, já em agosto, vencerá um débito de R$ 42 milhões.
O BP Money também entrou em contato com a Coesa, mas até o presente momento não obteve retorno.
Kpe Engenharia foi criada pela antiga empreiteira OAS
Em busca de apagar o histórico de envolvimento com esquemas de corrupção revelados pela Operação Lava Jato, a empreiteira OAS mudou seu nome no início de 2021, quando passou a se chamar Metha para, em seguida, criar a construtora KPE Engenharia.
A OAS foi uma das principais empreiteiras envolvidas no escândalo de propinas a políticos e diretores da Petrobras em troca de contratos com a estatal.
Em novembro de 2019, o grupo OAS assinou um acordo de leniência com a Advocacia-Geral da União (AGU) e a Controladoria Geral da União (CGU), no qual aceitou pagar R$ 1,92 bilhão até 2047. Os valores serão destinados à União, no valor de R$ 1,03 bilhão, e às “entidades lesadas” (empresas estatais).
Em março de 2020, a Justiça de São Paulo decretou o fim do processo de recuperação judicial da OAS. O grupo havia iniciado o processo em abril de 2015, na esteira dos desdobramentos da Lava Jato.