As fintechs brasileiras parecem ter deixado os reflexos da crise provocada pela covid-19 para trás. Em 2022, 65% das empresas pretendem dobrar o faturamento em relação ao ano passado, segundo pesquisa conduzida pela PwC Brasil em parceria com a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs).
O faturamento é um dos indicadores que sustentam a tese de que as empresas de serviços financeiros digitais estão se recuperando. A pesquisa revela que em 2021 o percentual de empresas com crescimento negativo ou zero reduziu para 21%, enquanto em 2020, o percentual era de 39%. Em 2019, antes da pandemia, o índice foi de 26%.
“A pandemia foi abrasiva para a economia nacional como um todo. O que percebemos foi a resiliência na forma de atuar das fintechs e a recuperação tem acontecido. Os novos investimentos que estes negócios receberam contribuem com esta análise”, aponta Luís Ruivo, sócio da PwC Brasil.
Dessa forma, outro sinal de recuperação do mercado são os indicadores de captação de recursos entre R$1 milhão e R$10 milhões em 2021, com volume de investimentos semelhantes aos patamares pré-pandemia. Segundo o estudo, em 2019, 36% das fintechs entrevistadas alegaram ter recebido algum aporte, índice que caiu para 26% em 2020 mas chegou a 41% no ano passado.
Open banking e pix são o caminho das fintechs
De olho no futuro, as fintechs pesquisadas tendem a explorar as possibilidades do Pix e diversificar a oferta de produtos e serviços para atrair clientes.
De acordo com o estudo, 72% das fintechs no Brasil estão desenvolvendo soluções alinhadas com as regulamentações associadas ao Pix ou ao Open banking. Para 79%, já é possível colher benefícios dessas iniciativas ou preveem resultados positivos em até um ano.
“O open banking tem muito potencial, que ainda não foi totalmente explorado. O mercado vai seguir em transformação em virtude desse recurso, já temos a regulação, mas ainda é preciso cuidar da infraestrutura de integração do open finance, o que exige tempo. Em um futuro próximo, devemos ver marketplaces de crédito e outros serviços financeiros, por exemplo”, analisa Diego Perez, diretor da ABFintechs.
Raio-x das fintechs brasileiras
O estudo revela que o segmento de fintechs está consolidado no Brasil, uma vez que o percentual de empresas em expansão ou consolidação se reduziu de 39% para 31% de 2020 para cá. Assim, com o mercado tomado, novas empresas têm surgido de forma mais contida na comparação com anos anteriores.
Entre os principais segmentos de atuação das fintechs estão: crédito, meios de pagamento e bancos digitais.
Ainda, o estudo resume o perfil das fintechs brasileiras no cenário atual em três principais características: jovens, otimistas e em busca de equilíbrio financeiro. O levantamento mostra que 68% das organizações têm menos de cinco anos de existência.
Já na busca pela estabilidade financeira, 35% das empresas ouvidas alcançaram o chamado “break-even”, quando o custo total e receita total se equiparam. Além disso, mais de dois terços das pesquisadas atingiram esse patamar em até dois anos, mesmo período esperado para alcançar esse ponto para 52% das fintechs que ainda não o atingiram.
A quarta edição da pesquisa Fintech Deep Dive ouviu 156 fintechs de diferentes áreas de atuação e portes, entre março e abril de 2022.