Fusão da brMalls (BRML3) deve beneficiar mais a Aliansce, segundo analistas

Analistas explicam como proposta da Aliansce Sonae sobre combinação de negócios pode beneficiar empresas e quais são as perspectivas para o setor

Se a fusão da brMalls (BRML3) com a Aliansce Sonae (ALSO3) for aprovada, os acionistas da Aliansce podem ter motivos para comemorar. Segundo analistas ouvidos pelo BP Money, apesar de a proposta de combinação de negócios, que pode criar a maior administradora de shoppings da América Latina, ser benéfica para as duas, a Aliansce deve ganhar “mais músculo”. 

De acordo com comunicado da Aliansce, a fusão é uma “oportunidade única de fortalecimento de ambas as companhias, com ganhos significativos para os seus acionistas, clientes e demais stakeholders”. Para o sócio e analista da Reach Capital, Gustavo Ribas, a fusão da BR Malls com a Aliansce Sonae é um movimento que faz bastante sentido para as duas empresas. Entretanto, segundo ele, a Aliansce seria a empresa mais beneficiada, por aumentar e melhorar a qualidade de seu portfólio que, atualmente, conta com 39 empreendimentos. 

“A Aliansce acaba tendo um portfólio com maior representatividade de shopping centers ‘excelentes’, além de criar uma companhia com maior musculatura para fazer investimentos em estratégias digitais e na área de novos negócios. Tende a ser uma boa fusão, mas, uma vez terminada esta discussão acerca de valuation que ambas vêm travando há meses, a atenção do mercado vai se virar para de onde serão extraídas as sinergias”, explicou Ribas.

O especialista também disse que enxerga o setor de shoppings premium como uma boa oportunidade de investimento, considerando que as classes mais altas devem consumir mais neste ano e, consequentemente, os resultados das empresas devem melhorar. 

“Falando mais em curto prazo, o momento macroeconômico brasileiro nos leva a ser mais favoráveis à exposição às classes A e B, cuja renda disponível acaba sofrendo menos”, afirmou Ribas. 

Além disso, a tendência de mudança no comportamento do consumidor, trazida pela pandemia, também deve mudar a visão das lojas que estão situadas em shoppings, que irão correr para proporcionar uma experiência cada vez melhor aos clientes. Com as varejistas cada vez mais ligadas à integração de canais de venda, os shoppings devem ganhar mais atenção dessas empresas frente a serviços relacionados à logística. Assim, os shoppings tornam-se, novamente, atrativos para as varejistas e empresas de outros ramos que utilizam os empreendimentos como ponto de vendas.

“Achamos que, no mundo pós-pandêmico, o valor de um ponto de venda em um shopping ‘excelente’ agrega muito valor às marcas no sentido não de apenas trazer vendas, mas de proporcionar a elas um centro de relacionamento com seus clientes, um local para poder fazer up sell e cross sell, um posto avançado de logística para omnichannel e um ponto para relacionamento pós-venda, dentre outros”, disse Ribas.

“Nesta linha, temos a visão de que shoppings excelentes terão um valor ainda maior neste ‘novo mundo’, ao passo que shoppings de qualidade inferior perderão valor”, complementou.

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Para Pedro Galdi, analista CNPI da Mirae, os setores que foram mais fragilizados com a pandemia da covid-19, como educação, varejo de rua e o de shoppings, devem ganhar um “boom” no movimento de fusões. Isso porque as empresas buscarão sinergias para se fortalecerem neste período pós-crise sanitária. 

“Em setores mais fragilizados, a gente deve ter um movimento de fusões e aquisições. Isso se mostra normal, justamente porque as empresas ficaram fragilizadas durante a época da pandemia. Isso é positivo, porque você une duas empresas que podem ter um porte maior, devem criar sinergia entre elas, melhorar a estrutura de capital, aumentar as regiões de atendimento, ganhar novos perfis de clientes e tudo mais”, disse Galdi. 

“Partindo do princípio de que a pandemia acabou, a sinalização é muito positiva para o setor e essa fusão vai tornar o negócio mais parrudo”, concluiu o analista da Mirae. 

Ações da brMalls sobem com possível fusão

Os papéis da brMalls começaram o dia cotados a R$ 9,07. Após a confirmação, por parte da brMalls, sobre o recebimento da proposta de fusão da Aliansce, as ações da empresa dispararam. Na máxima do dia, a ação tocou os R$ 9,46, por volta das 13h47, registrando uma alta de 8,11%.

Segundo Caio Ventura, analista da Guide Investimentos, o mercado reagiu bem em relação à fusão porque o momento é um pouco mais positivo para shoppings. 

“A gente tem o arrefecimento da pandemia, retirada de restrições e uma demanda reprimida que tem que ser traduzida em uma recuperação forte nos indicadores operacionais de shoppings, como vendas, fluxo, etc. Então, nesse cenário, os investidores buscam um favorito para aportar seu capital nesse setor de shopping e muitas pessoas veem essa possível fusão como a grande opção”, disse Ventura sobre a alta das ações da brMalls.

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