O3 Capital

Gestora da família Diniz demite funcionários e para de operar

captação da O3 ficou abaixo das expectativas. A crise enfrentada pelos fundos multimercados nos últimos anos impactou a estratégia da gestora.

Foto: Divulgação
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A O3 Capital, gestora da Península Participações, demitiu seus empregados e encerrou as operações voltadas à captação de recursos de terceiros no final de 2024. Paralelamente, a Península passa por alterações na liderança, quase um ano após a morte de Abilio Diniz, incluindo a saída de Flavia de Almeida do cargo de CEO.A captação da O3 ficou abaixo das expectativas.

A crise enfrentada pelos fundos multimercados nos últimos anos, marcada por saques bilionários e dificuldades para entregar resultados em um cenário de mudanças bruscas, impactou a estratégia da gestora. Procurada para comentar o assunto, a Península afirmou que implementou uma “revisão estratégica” no negócio, envolvendo uma reorganização de funções e o encerramento das operações no varejo. As informações foram apuradas pelo “Valor Econômico”.

A organização iniciou a captação de recursos de terceiros em 2021, com um acordo em que o family office de Abilio Diniz manteve o controle do negócio, com 51% do capital, enquanto os demais sócios e gestores detinham os 49% restantes. Na época, a gestora começou a operar com R$ 1,75 bilhão, sendo a maior parte desse valor — R$ 1,5 bilhão — oriunda da família Diniz.

Inicialmente, a O3 Capital foi criada em 2014 para administrar exclusivamente parte dos recursos financeiros da família Diniz. Sete anos depois, a gestora abriu suas operações ao mercado, em parte como uma estratégia para reter talentos.

Cortes de pessoal na gestora começaram em novembro de 2024

Fontes ouvidas pelo “Valor” apontaram que os cortes de pessoal na O3 começaram em novembro de 2024, quando surgiram rumores sobre o encerramento das atividades. A organização, que iniciou as operações com 18 funcionários em 2021, enfrentou dificuldades para sustentar o modelo.

Questionada sobre uma possível relação entre a interrupção das atividades e o falecimento de Abilio Diniz, ocorrido em fevereiro de 2024, a Península não se manifestou.

Entre as mudanças de destaque está a reestruturação na liderança da Península. A executiva Flavia de Almeida, uma das principais pessoas de confiança de Abilio, deixou a presidência da empresa, que passou a ser liderada por dois executivos. Almeida segue como membro do Conselho de Administração da empresa, cargo que ocupa há cinco anos.

Para alguns gestores, a saída de Almeida da presidência pode abrir caminho para que ela assuma cargos executivos em outras empresas, enquanto mantém sua função de conselheira na Península.