Em entrevista a jornal

Gol constrói futuro independente de fusão com Azul, diz CEO

As negociações para uma possível fusão entre as empresas deram um passo à frente no dia 15 de janeiro

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Gol / Foto: Divulgação

A Gol (GOLL4) está construindo um futuro que independe de uma possível fusão com a Azul (AZUL4), afirmou o CEO da empresa, Celso Ferrer, ao “Valor”. De acordo ele, a empresa vai sair mais forte da reestruturação nos EUA (Chapter 11) e não vai depender da fusão para continuar suas operações.

Ele afirmou, ainda, que o Chapter 11 é um processo completamente separado das negociações para a fusão e que a Abra, controladora da Gol, considera a possibilidade como uma alternativa de negócio.

As negociações para uma possível fusão entre a Gol e a Azul deram um passo à frente no dia 15 de janeiro, com o anúncio da assinatura de um memorando de entendimento para a união das empresas no Brasil. Porém, a Abra ressaltou que só vai avançar nas conversas quando a Gol concluir o Chapter 11.

Para concluir essa reestruturação, a Gol precisa captar recursos para quitar o empréstimo dentro do Chapter 11 chamado de “DIP” e reforçar o caixa. A meta da companhia é arrecadar US$ 1,87 bilhão. Destes, US$ 330 milhões devem ser captados por meio de ações.

A alta do dólar fez com que a Gol refizesse seu plano de cinco anos (apresentado inicialmente em maio) em 15 de janeiro, levando em conta um câmbio de R$ 6,04.

Azul (AZUL4) e Gol concentram 60% do setor aéreo nacional

O cenário da aviação comercial brasileira está prestes a mudar. Com a assinatura do acordo entre a Azul (AZUL4) e o Grupo Abra, controlador da Gol (GOLL4) e da Avianca, no último dia 14, a união entre as companhias passa a concentrar 60% do mercado aéreo nacional, cobrindo 90% das rotas do país. Contudo, as marcas devem permanecer separadas.

Desde 2024, a Azul e a Gol já atuam sob um acordo de cooperação comercial, com o propósito de assegurar maior conectividade ao consumidor e oferecer mais opções de rotas e destinos dentro do Brasil. O acordo atual configura um MoU (Memorando de Entendimento) não vinculante, um contrato preliminar que tem o objetivo de explorar uma possível combinação dos negócios.

Para o CEO da Azul, John Rodgerson, a iniciativa deve ser vista como positiva, considerando que o crescimento do mercado brasileiro é um de seus pontos centrais. “O Brasil ainda tem poucos viajantes comparado a outros países da América Latina, então esta é uma oportunidade para fazer crescer o mercado. Hoje a Azul está servindo aproximadamente 150 cidades do país, e acreditamos que podemos chegar a 200 cidades. Também podemos acrescentar mais voos internacionais, [a partir] do Norte e do Nordeste do Brasil”, disse o executivo em entrevista à CNN.

Além disso, o CFO (diretor financeiro) do Grupo Abra, Manuel Irarrázaval, apontou que a combinação dos negócios pretende “criar um player de aviação global mais competitivo e resiliente e aumentar a democratização do setor”, de acordo com informações da Exame. A entidade acrescentou, ainda, que esta é “uma oportunidade importante de intensificar ainda mais a nossa presença no Brasil e fortalecer nossa rede global.”