O governo da China pretende interferir na reestruturação da segunda maior imobiliária do país, a Evergrande, buscando evitar uma crise de liquidez no mercado mundial. Segundo o Banco ING, o processo será longo e não descarta a possibilidade de que a empresa seja parcialmente vendida para terceiros ou transformada em uma estatal.
O grupo holandês explica que o processo de reestruturação da Evergrande deve ser um pouco mais complicado porque não se trata apenas de uma única empresa. As complexidades incluem um banco, uma farmacêutica e uma empresa de via expressa.
O desafio das autoridades locais é entender como esse banco se relaciona com outras instituições financeiras, de forma a evitar uma crise de liquidez. A questão é que ainda não se sabe como o banco em que a companhia investiu se conecta com as outras empresas.
A Evergrande corresponde a 2,2% do PIB nominal da China, segundo dados do primeiro semestre de 2021, mas no momento o desconforto está nos produtos de gestão de fortunas emitidos por uma subsidiária da empresa. Alguns membros da alta administração resgataram esses produtos antes do tempo, o que causou problemas com outros investidores. A Evergrande apresentou três soluções para o impasse, sendo uma delas o reembolso do resgate feito em apartamentos, que ainda estão em construção.
A questão é que a Evergrande não tem dinheiro suficiente para concluir as obras dos projetos residenciais existentes e sem essas propriedades, a construtora não tem como fazer a venda para obter dinheiro e pagar suas dívidas. A expectativa do ING é que a reestruturação do governo ajude a empresa a conseguir algum capital.
O ING também vê com a possibilidade de que a empresa seja comprada ou se torne uma State-owned enterprises of China (SOE), uma estatal chinesa. Isso porque os rendimentos atuais dos títulos de Evergrande implicam em um valor muito baixo para a empresa.