O governo Bolsonaro vem discutindo a criação de um comitê de emergência para lidar com a crise hídrica e elétrica no país. Depois do alerta da crise hídrica emitido pelo Sistema Nacional de Meterologia, o primeiro em 111 anos, estuda-se a ideia da realização de um racionamento elétrico para evitar um apagão. Os estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná estão envolvidos na urgência, que está sendo cogitado para os meses de junho a setembro.
Em entrevista ao O Dia, o professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Adílson de Oliveira, especialista em energia, afirmou que Brasil está com os dias contados para um apagão.
“Daqui a cinco ou seis meses, não teremos capacidade para abastecer o mercado. Só não estamos em racionamento agora por causa da pandemia de coronavírus, que deu uma estagnada na economia”, avaliou.O Ministério da Agricultura informou em nota que “estudos realizados pelo SNM de acompanhamento meteorológico para o Setor Elétrico Brasileiro alertam que as perspectivas climáticas para 2021/2022 indicam que a maior parte da região central do país, a partir de maio até final de setembro, entra em seu período com menor volume de chuvas (estação seca)”.
Os reservatórios das hidrelétricas são responsáveis por 70% da geração de energia do Brasil, estão com o nível de armazenamento de água em 32,3%. O próprio ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) previu que, até o final de maio, eles deveriam estar em 39% para minimizar os riscos. Sem previsões de chuva, a tendência é que o volume ainda mais, aumentando as chances de acontecer um apagão parecido com o de 2011.
De acordo com O Dia, a usina de Marimbondo, localizada na divisa dos estados de São Paulo e Minas Gerais, o nível do volume útil baixou para apenas 6,43%. A situação também está complicada na usina de Água Vermelha; o nível do reservatório bateu 7,9884% nesta sexta-feira.
O governo tem recorrido ao acionamento de usinas termelétricas, que geram energia a partir da queima de combustíveis como óleo ou gás natural. Uma opção solução mais cara no consumidor. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) acionou a “bandeira vermelha” patamar 1 para maio. Isso significa que será cobrada uma taxa adicional mais alta, de R$ 4,169 para cada 100 kWh, ao longo deste mês.