Greve nos Correios começa em 7 estados após impasse salarial
Foto: Correios/Divulgação

A greve nos Correios entrou em vigor às 22h desta terça-feira (16) após sindicatos de algumas das maiores bases de funcionários da estatal aprovarem paralisação por tempo indeterminado.

A decisão veio da assembleias locais, depois do fracasso nas negociações do novo acordo coletivo de trabalho (ACT).

A paralisação acabou sendo aprovada em Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Ceará e Paraíba. Em São Paulo, os trabalhadores decidiram cruzar os braços mesmo contrariando a orientação da direção do sindicato estadual, o que reforça o nível de insatisfação nas bases.

Greve Correios se espalha por bases regionais

Além dos estados, também decretaram greve as bases de Vale do Paraíba (SP), Campinas (SP), Santos (SP) e Londrina (PR). Em todos os casos, a decisão ocorreu após votação em assembleias locais, organizadas pelos sindicatos regionais.

Outras 12 entidades sindicais optaram por manter o estado de greve, mecanismo que indica mobilização permanente e possibilidade de paralisação a qualquer momento.

Estão nessa condição as bases de Amazonas, Bahia, Distrito Federal, Maranhão, Pará, Piauí, Rio Grande do Norte, Mato Grosso do Sul, Roraima, Santa Maria (RS), Juiz de Fora (MG) e Bauru (SP).

Reajuste salarial e vale-peru estão no centro da greve

Os trabalhadores afirmam que a greve Correios é resultado direto da falta de acordo com a direção da estatal.

Entre as principais reivindicações estão reajuste salarial com base na inflação e a manutenção de benefícios considerados históricos pela categoria.

Os sindicatos defendem a preservação do adicional de 70% nas férias, do pagamento de 200% aos fins de semana e do vale-peru, benefício de fim de ano no valor de R$ 2,5 mil.

De acordo com as entidades, os funcionários não podem ser responsabilizados pela crise financeira da empresa.

Negociação no TST não destravou acordo

Desde a última quinta-feira (11), o Tribunal Superior do Trabalho (TST) vem conduzindo reuniões de mediação entre representantes dos sindicatos e da direção dos Correios.

Foram cinco encontros até agora, sendo dois na semana passada e três nesta terça-feira (16).

Durante as negociações, os Correios chegaram a propor reajuste pela inflação e aceitaram parte das demandas, mas mantiveram a recusa em conceder o vale-peru, ponto que acabou inviabilizando o acordo.

Crise financeira agrava impasse nos Correios

O impasse ocorre em meio à deterioração das contas da estatal. Os Correios acumulam prejuízo de R$ 6,1 bilhões até setembro e tiveram recentemente negado um empréstimo de R$ 20 bilhões, que teria garantia do Tesouro Nacional.

Atualmente, está em análise no Ministério da Fazenda uma nova proposta de empréstimo de R$ 12 bilhões. Dessa forma, isso deve integrar o plano de reestruturação da empresa. Enquanto isso, o ACT vigente, firmado pela gestão anterior, segue sendo prorrogado desde julho, sem definição de novos termos.

Em suma, com a greve em curso e outras bases em estado de alerta, a greve nos Correios pode ganhar escala nacional nos próximos dias. Isso ampliaria os impactos sobre serviços postais e logísticos em todo o país.