O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta segunda-feira (4) “estar sem luz” sobre a crise gerada com a troca de comando da Petrobras. Responsável pelas nomeações da área econômica no início do governo, ele já havia afirmado não ter participado da escolha de Adriano Pires para presidir a companhia.
A declaração de Guedes foi dada após almoço promovido pelo grupo Voto em um hotel na zona sul do Rio de Janeiro. Ao entrar no carro, a imprensa pediu que ele “desse uma luz” sobre o que está acontecendo na estatal: “Estou sem luz”, afirmou.
As ações da Petrobras iniciaram o dia em queda com notícias de que o nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para presidir a companhia teria desistido de ocupar o cargo. A informação ainda não foi confirmada pelo governo.
Os rumores ocorrem pouco mais de 24 horas depois que o presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, desistiu de presidir o conselho de administração da companhia, alegando que precisa se dedicar ao comando do clube.
Os dois nomes seriam apreciados em assembleia de acionistas agendada para o próximo dia 13. Foram escolhidos por Bolsonaro e pelo ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, com apoio de parlamentares do Centrão.
Chamado por Bolsonaro de “posto Ipiranga” durante a campanha, Guedes teve autonomia para escolher presidentes de estatais no início do governo –foi dele a indicação do primeiro presidente da Petrobras sob Bolsonaro, Roberto Castello Branco.
Mas veio perdendo esse poder ao longo do mandato. Em 2021, Bolsonaro demitiu Castello Branco e indicou para seu lugar o general Joaquim Silva e Luna, em meio a uma crise política gerada pela escalada dos preços dos combustíveis.
Este mês, também insatisfeito com a alta de preços, decidiu trocar Silva e Luna por Pires. Questionado sobre a indicação no fim de março, Guedes disse que “não é problema meu”. “O que eu posso dizer? Desejo boa sorte ao presidente da Petrobras”, continuou, após insistência dos repórteres sobre o assunto.
“Estou mais preocupado com a guerra, como vamos atenuar os impactos de preços, reduzir os impostos é o primeiro passo, pensar em reforçar ajudas para os mais frágeis, se os preços continuarem subindo, deve ser o segundo passo.”
Apesar de o mercado financeiro ter comemorado as indicações de Landim e Pires, especialistas da área de energia questionaram a ligação dos dois com o empresário Carlos Suarez, que tem negócios no setor de gás natural.
A renúncia de Landim foi vista como um alívio e o mercado espera que Pires siga o mesmo caminho. Sua nomeação foi questionada na sexta (1º) pelo Ministério Público do TCU (Tribunal de Contas da União), que pediu investigação da CGU (Controladoria-Geral da União) e da Comissão de Ética sobre possível conflito de interesse.
Até o momento, diante dos rumores de desistência de Pires, o Palácio do Planalto e o MME limitam-se a dizer que não receberam “nenhum comunicado oficial” do nomeado.