O iFood se tornou alvo de investigação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) sobre possíveis práticas anticoncorrenciais no mercado de vale-refeição. A investigação foi aberta após a ABBT (Associação Brasileira das Empresas de Benefício ao Trabalhador) entrar com um processo alegando condutas que poderiam ferir a competição do mercado.
Em julho de 2020, o iFood lançou o iFood benefícios, plataforma para concessão de vale-refeição e vale-alimentação. A operação firmou parceria com a brasileira de tecnologia de pagamentos Elo.
Sodexo, Alelo e Ticket integram a representação da ABBT, que foi entregue ao Cade em março e era sigiloso e tornou-se público na quarta-feira. Na representação, foram destacadas três práticas do iFood consideradas prejudiciais ao mercado.
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De acordo com o documento, o iFood teria uma vantagem por ter acesso ao perfil e dados do consumidor, como preferência e frequência de pedidos, valor gasto e meios de pagamento. Outra acusação é de um suposto desconto maior do que o mercado pode oferecer para empresas credenciadas, cashbacks para os usuários e maior prazo para o pagamento.
Por fim, a ABBT afirmou que o iFood adota o “self-preferecing”, uma preferência dentro do aplicativo para que os usuários utilizem o iFood benefícios para realizar pagamentos em detrimento de outras operadoras de vale-refeição.
Uma grande reclamação das operadoras é de que o iFood teria oferecido um “rebate” de 10% para empresas. O “rebate” é uma espécie de desconto para as empresas que contratam o serviço. As outras operadoras costumavam dar 5% de rebate, mas, no fim do ano passado, a prática foi proibida por decreto.
Segundo o presidente do conselho da ABBT, Alaor Aguirre, “o iFood Benefícios ia a um cliente e oferecia um desconto na sua fatura a pagar, um exemplo real, de 10% de desconto na fatura. Aquela empresa comprava voucher para dar colaborador, recebia proposta do iFood de rebate de 10% mais 5% de cashback para o usuário final, dava 15% de rebate. No segmento, a situação normal era de 3% ou 4% de rebate”.
O Cade deu 15 dias para o iFood se manifestar. Em nota, a companhia disse que a entrada no setor amplia a competição e beneficia os restaurantes, supermercados e trabalhadores.