Negócios

Intelbras (INTB3) x Multilaser (MLAS3): quem ganha o duelo?

Apesar dos momentos distintos, empresas se preparam para abocanhar a maior fatia possível do mercado

Uma das poucas certezas do mundo dos negócios é de que os investimentos em tecnologia devem ser os mais rentáveis em um futuro próximo, devido à crescente automatização do modo de vida. Neste cenário, duas gigantes brasileiras se destacam no mercado local e devem proporcionar um duelo acirrado pelos consumidores do País nos próximos anos.

Apesar de estarem passando por momentos distintos, levando-se em conta os últimos balanços, Intelbras (INTB3) e Multilaser (MLAS3) se preparam para expandir seus negócios e abocanhar a maior fatia possível do comércio.

No segundo trimestre de 2023, a Intelbras reportou lucro líquido de R$ 118 milhões, número 22% superior ao registrado no mesmo período de 2022. O Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado totalizou R$ 137,7 milhões no 2T23, um crescimento de 15,8% em relação ao 2T22.

“A Intelbras manteve, nos últimos anos, desempenho favorável, com forte crescimento de receita líquida, margens operacionais controladas e lucratividade em linha com o esperado, com destaque para o segmento de Segurança e Energia”, disse o head de alocação da InvestSmart, Gustavo Badia ao BP Money.

Já a Multilaser comunicou que no 2T23 teve lucro líquido de R$ 43,5 milhões, ante R$ 55,6 milhões no mesmo período do ano passado, o que representa uma queda de 21,7%. O Ebitda ajustado foi de R$ 37 milhões, um recuo de 74,1% em relação ao 2T22, quando a companhia registrou R$ 143,2 milhões. 

Badia analisa que mesmo com o recuo, a Multilaser está mostrando alguma recuperação em 2023, apesar de estar longe de suas margens operacionais históricas que giram entre 13% a 15% de margem EBITDA. 

O head da InvestSmart destaca que uma combinação de fatores, que envolvem estoques com custos elevados, redução de demanda, alta das taxas de juros e implantação complicada de novo sistema, prejudicou os resultados operacionais e financeiros da empresa e forçou a direção a implementar um reposicionamento estratégico e um forte programa de redução de custos.

“O período continua desafiador, mas já se consegue identificar alguma melhoria nos segundo trimestre deste ano, quando a margem EBITDA atingiu 3,7% contra os 12,2% do 2T22. O caminho para a recuperação dos resultados é longo, o cenário macroeconômico é desafiador mas é possível que se retome a lucratividade em algum momento dos próximos anos”, avaliou.

Foco na conexão

Para o especialista em negócios tecnológicos e inovação e CEO da Highline Venture, João Fouad, quem ofertar as melhores ferramentas de acesso à internet, terá uma grande vantagem na disputa. 

O executivo destaca que as empresas são as maiores fornecedoras de internet e equipamentos para Wi-Fi no Brasil. Segundo Fouad, a rivalidade que já vem de longa data, e acentuou devido aos avanços dos roteadores “mesh”. 

“Esses são dispositivos tecnológicos muito procurados hoje porque não apenas garantem boa conexão e estabilidade do sinal, mas também criam uma espécie de “rede dentro da rede” compartilhando o sinal entre eles e sendo menos propensos a interromper a conexão em caso de quedas de energia em locais distantes”, explicou. 

“A Multilaser possui um prestígio e brand awareness (reconhecimento da marca) relativamente maior do que a Intelbras por ter investido notavelmente em marketing online e em diversas mídias, assim como ter expandido os seus negócios e vendas para todas as regiões do país. Ainda assim, o usuário de internet e de aparelhos hoje realmente procura analisar a relação qualidade/preço e preço/qualidade, pelo que as duas formas permanente oferecem promoções e buscam fortalecer a imagem de terem conexões melhores e mais estáveis, assim como de equipamentos mais sofisticados e de fácil troca ou conserto”, afirmou Fouad.

Por fim, o especialista prefere não dar um veredicto sobre o vencedor dessa disputa, mas diz que os consumidores podem sair beneficiados da briga.

“Não sabemos ao certo até onde essa disputa vai chegar, mas o que é claro é que as duas empresas investem pesado em inovação e em diminuir custos de produção e distribuição, sempre de olho “no que a colega está fazendo”. Os consumidores podem aproveitar esse momento e procurar os equipamentos e serviços que precisam, solicitando um melhor atendimento e qualidade dos produtos, já que as duas marcas também estão trabalhando fortemente para fidelizar os clientes.”

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