O Itaú Unibanco (ITUB4) informou em fato relevante publicado nesta sexta-feira (29) a compra de aproximadamente 11,36% de participação no capital social da XP Inc., que equivale a cerca de R$ 8 bilhões. No documento, o Itaú reitera que a transação já estava prevista no contrato firmado em 11 de maio de 2017 e foi concluída após obter as aprovações necessárias.
O negócio não gera alterações na governança corporativa da XP Inc., segundo reiterado pelo Itaú no documento, e não deve provocar efeitos relevantes nos resultados da companhia neste exercício social.
A aquisição de uma fatia adicional foi antecipada no acordo original entre as partes, em que ficou acertado que o Itaú Unibanco pagaria cerca de 19 vezes o lucro da XP em 2021 pela parte adicional. Desde então, o movimento já estava previsto para o segundo trimestre de 2022, conforme o banco apontou no documento.
O Banco Central e órgãos reguladores do exterior aprovaram a compra em 13 de abril, conforme documento apresentado pelo banco. A aquisição desta sexta-feira segue o “divórcio” entre o Itaú e a XP no ano passado, lembra a “Agência Estado”.
A primeira transação entre Itaú (ITUB4) e XP Inc (XPBR31) ocorreu em maio de 2017, quando o banco firmou um contrato de para a aquisição de 49,9% do capital social da corretora de investimentos. O negócio previa o aumento da participação do Itaú de forma escalonada, até atingir 75% do capital, o que estava previsto para este ano. Na época, a XP Inc foi avaliada em R$ 12 bilhões.
Em 2018, o BC proibiu o banco de comprar o controle da XP Inc, sob o argumento de que caracterizaria concentração de mercado. A decisão virou um impasse para o Itaú, uma vez que o banco ainda precisava comprar 11,38% de participação da XP Inc (XPBR31) para saldar os compromissos contratuais previamente estabelecidos. À época, o conglomerado entregou a seus acionistas uma fatia de cerca de 41% do capital da companhia, ao criar uma nova empresa cujo ativo era essa participação acionária. A XP fundiu-se a essa empresa, o que levou a uma listagem de Brazilian Depositary Receipts (BDRs) da companhia na B3.
A participação adquirida nesta sexta-feira (29) trata de um percentual minoritário que não dará ao Itaú o status de controlador. Como a fusão já não era mais possível, o BC autorizou a conclusão da compra.
À equipe da coluna “Broadcast”, o Itaú (ITUB4) tem afirmado que pretende alienar os papéis da fatia adicional, embora em março as condições ainda não estivessem definidas. A Itaúsa, holding que está entre os acionistas controladores do banco, vendeu até o último mês cerca de R$ 3 bilhões em ações da XP na bolsa, e deve vender mais ainda neste ano.