A Latam levantou US$ 2,2 bilhões, entre financiamentos e notas sênior garantidas, em negociações com credores. O montante levantado irá colaborar para que a empresa saia da recuperação judicial nos EUA, o Chapter 11, na primeira semana de novembro.
Em meio ao difícil cenário do setor aéreo, a Latam estava enfrentando dificuldades para fechar os percentuais de retorno que os compradores dos papéis teriam, segundo informações do “Valor”.
Com credores, a empresa precificou a oferta de US$ 450 milhões do valor principal das notas garantidas sênior com vencimento em 2027, com um cupom de 13.375%, a um preço de emissão de 94.423%.
Já o valor principal de US$ 700 milhões de notas garantidas sênior com vencimento em 2029 foi negociado com um cupom de 13.375%, a um preço de emissão de 93.103%.
Além disso, a companhia fechou o financiamento de cinco anos de US$ 1,1 bilhão.
“Em um contexto muito desafiador e dinâmico, estamos no caminho para concluir o financiamento exigido pelo Plano de Reestruturação. Nas próximas semanas, esperamos sair do Capítulo 11 com US$ 2,2 bilhões de liquidez e uma redução da dívida de cerca de 35% em relação ao que tínhamos quando começamos esse processo”, disse o presidente da Latam, Roberto Alvo, em nota.
A liquidez virá em parte com o aumento de capital, por meio da conversão de dívida, e mais duas linhas de crédito disponíveis de US$ 1,1 bilhão.
Planos da Latam
O plano da empresa agora é quitar o DIP (“debtor in possession”) levantado no início do processo de reestruturação, na casa de US$ 3 bilhões, e que vence nesta sexta-feira (14). Para sair da condição do Chapter 11, a empresa precisa substituir essa dívida por outros mecanismos mais líquidos, como bônus ou “term loans”.
O objetivo da empresa é pegar parte desse dinheiro levantado para realizar um novo “DIP Junior” de US$ 1,146 bilhão, para quitar o DIP que vence nesta sexta. Após a entrada de capital, o grupo quitará também o “DIP Junior”.
No início da recuperação judicial, em julho de 2020, o endividamento da empresa rondava os US$ 11 bilhões. Após a conclusão do Chapter 11 ficará na casa dos US$ 7 bilhões.
A liquidez ao final do processo virá da injeção de capital de acionistas e credores que converterem suas dívidas em participação na empresa. A subscrição das ações (séries A, B e C) será feita um dia antes da saída do Chapter 11.
Ainda de acordo com à publicação, a nova Latam terá uma estrutura acionária distinta. Os atuais acionistas principais (a família Cueto, Delta e Qatar Airways) sairão de algo como 47% do capital da empresa para 27%.
Os credores vão ter aproximadamente 66% da posição acionária, sendo os fundos Sixth Street, Strategic Value Partners e Sculptor Capital os de maior representatividade, enquanto que o restante ficará na mão de minoritários na medida em que eles optem pela conversão.
A família Amaro, fundadora da TAM, empresa que se uniu à chilena LAN para criar a Latam há mais de uma década, optou por vender seus direitos e ações na holding há alguns meses, segundo fontes. A família, entretanto, continua no conselho da Latam Brasil com duas cadeiras desde a formação do grupo.
A Latam vem conseguindo se recuperar depois da grave crise provocada no setor pela pandemia. No Brasil, a Latam tem liderado o mercado doméstico por diversos meses, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).