Letz, o “Uber do mundo corporativo”, quer se tornar unicórnio em cinco anos

Para conseguir gerar lucros, e não cair no mesmo limbo do Uber, startup aposta no “crescimento estruturado e otimizado”

A volta ao trabalho presencial tem feito grande parte dos trabalhadores brasileiros relembrarem algumas das dores de pegar transporte público todos os dias. Pouco antes da pandemia, em 2020, a Letz – startup que chega para rivalizar com Uber e 99 – chegou ao mercado de aplicativos de transporte e conseguiu atingir um faturamento de R$ 6 milhões já no primeiro ano e de R$ 20 milhões em 2021.

De acordo com o CMO (Chief Marketing Officer, em inglês) e sócio da companhia, Felipe Wasserman, a empresa, hoje, tem planos para se tornar um unicórnio (ter preço de mercado estimado em US$ 1 bilhão ou mais) em um período de cinco anos.

“A gente acredita que com 40 mil passageiros já viramos unicórnio, então o nosso plano para os próximos anos é ser unicórnio. Acho que em cinco anos a gente já vira unicórnio. Entrando em outras cidades fica mais fácil, mas só em São Paulo já dá pra atingir esse objetivo”, disse Wasserman ao BP Money.

Em essência, a Letz trabalha com uma ideia muito simples. A companhia enxergou, no mercado, um gargalo que poderia ser do interesse de muita gente. A startup percebeu que poderia oferecer um serviço entre o carro particular, os transportes de aplicativo e o transporte público. Ou seja, poderia ser possível, por meio de um aplicativo, o trabalhador chegar ao seu trabalho no conforto de um carro (sem precisar de transporte público) e pagando menos do que pagaria com um automóvel particular ou em aplicativos famosos de mobilidade urbana.

“Hoje você tem dois modos de ir ao trabalho, que é com seu próprio carro ou utilizando app, ou indo de transporte público. Lembrando que um carro popular, zero, no Brasil, custa quase R$ 100 mil, hoje. Os custos do carro em si também ficam muito caros, ainda mais com a gasolina nesse preço. Custa pouco menos de dois salários mínimos para manter um carro, é caro. A outra opção seria transporte público, que não é das coisas mais confortáveis. A Letz entra nesse meio termo”, disse o executivo.

“A gente tem o conforto do carro e a acessibilidade do transporte público. Obviamente não é o mesmo preço, mas é acessível. Chega a ser menos do que 2x o custo do transporte público”, complementou.

Fundada em 2020, a Letz captou R$ 25 milhões em rodadas de investimentos desde sua chegada. Os prioritários que participaram da captação foram a Redpoint Ventures, Caravela Capital, FJ labs e, como investidor anjo, Paulo Veras – que é co-fundador da 99. Segundo Wasserman, a Letz pretende fazer novas captações no futuro, mostrando o seu crescimento e, para o longo prazo, a companhia pensa até em uma abertura de capital. 

“Hoje não somos uma empresa para ser vendida. A gente acha que unicórnio é pouco. A gente deve valer muito mais do que US$ 1 bilhão (no longo prazo). O plano de longo prazo seria um IPO (oferta pública inicial de ações), mas ainda não falamos disso na empresa ainda”, pontuou o CMO da Letz. 

Atualmente, a Letz conta com pouco mais de mil passageiros por mês. A empresa só atua em São Paulo, com uma pequena parte de seus passageiros rodando no ABC Paulista e em Alphaville. Segundo Wasseman, em pouco mais de dois anos de existência, a Letz já realizou cerca de 600 mil viagens, e a companhia pretende expandir suas operações para além do Brasil, entrando em países como: Argentina, México e Peru.

“Temos planos para mudar de cidade, depois que estiver tudo automatizado e estruturado para fazer isso, mas primeiro queremos conquistar São Paulo. São Paulo é pouco para os nossos sonhos. A médio prazo, pensamos em sair do Brasil e ir para outros países da América Latina”, disse o CMO da Letz.

As estratégias da Letz para não cair no limbo da Uber 

Por ter pensado só em buscar crescimento a todo custo, a Uber, até hoje, opta por não gerar lucro. Felipe Wasserman, CMO da Letz, diz que, para não seguir a mesma estratégia arriscada, a companhia foca no crescimento estruturado e “otimizado”.

“A gente é uma empresa que quer fazer o crescimento estruturado e existe muita dor pra isso. O lado interessante da nossa empresa versus as outras desse estilo é que, no nosso caso, quanto mais eu cresço, mais barato ficam os meus custos. A complexidade da Letz é que eu tenho que colocar pessoas que moram perto e trabalham perto e isso não é tão fácil de achar, mas quanto mais perto eu acho as pessoas, quanto mais perto eu acho os lugares de trabalho, mais otimizadas ficam as linhas e mais retorno traz pra mim”, explicou Wasserman. 

O sócio da Letz destacou que a empresa se diferencia por se tornar mais viável financeiramente conforme seu crescimento aumenta. 

“Hoje, ao invés de fazer crescimento acelerado, porque pra fazer crescimento acelerado é só abrir várias linhas unitárias, mas essas linhas dariam prejuízos, a gente está fazendo o crescimento bem otimizado”, acrescentou. 

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Wasserman ainda diz que se fosse para focar somente em crescimento, a empresa estaria dez vezes maior do que está, mas estaria queimando dinheiro.  

“Esse não é nosso intuito agora e também não é a fase do Brasil e das startups do mundo agora. Então, hoje, a gente está na fase do crescimento sustentável e se você perguntar minha opinião, eu acho que deve ser o padrão sempre. Antigamente, a gente comprava múltiplos de crescimento e não múltiplos de retorno. Isso mudou e a empresa já está adaptada a essa nova fase”, finalizou o sócio da Letz.

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