Após ter sido adiada por falta de quórum no dia 12 de maio, uma nova assembleia com detentores do Certificado de Recebível Imobiliário (CRI) da Light (LIGT3) está marcada para acontecer dentro dos próximos 20 dias.
Segundo fontes ouvidas pelo Infomoney, o prazo teria sido solicitado por um banco private que ofereceu os CRIs para alguns de seus clientes de alta renda, para que seja capaz de realizar formalizações junto aos investidores.
De acordo com dados da plataforma Uqbar, nenhum dos 44 investidores pessoas físicas que detém R$ 38,30 milhões esteve presente na primeira assembleia. Os R$ 11,70 milhões restantes pertencem a uma pessoa jurídica. Pela falta de quórum mínimo, a assembleia não pôde ser instalada.
O encontro previa a discussão de temas importantes, como a aprovação para contratar assessor legal para representar os detentores do CRI em uma ação cautelar, que suspendeu a exigibilidade das obrigações financeiras referentes a contratos com a Light e a Light S.A.
A reunião tinha sido convocada pela Virgo, securitizadora que emitiu o papel, no dia 19 de abril. Em nota, a empresa disse apenas que a convocação de uma nova assembleia está sendo alinhada com o agente fiduciário da operação (a Oliveira Trust DTVM) e os custodiantes dos investidores.
O CRI foi emitido em novembro do ano passado e a captação foi de R$ 50 milhões. O vencimento do título está previsto para novembro de 2029. Segundo dados monitorados pela Uqbar, até abril deste ano, não havia nenhum fundo de direito creditório (FIDC) ou fundo imobiliário (FII) com posição no papel. O título tem como lastro debêntures emitidas pela Light.
De acordo com o termo de securitização do papel, os recursos captados com o CRI seriam utilizados pela companhia elétrica para pagar custos de aluguéis ainda não desembolsados em determinadas lojas da concessionária e para reembolsar gastos já feitos com aluguéis, obras e com a aquisição de um conjunto similar de imóveis.
Light em processo de RJ; há luz no fim do túnel?
Na última segunda-feira (15), a Justiça do Rio de Janeiro aceitou o pedido de recuperação judicial da Light S.A.(LIGT3), ajuizado em 12 de maio. Na decisão, o juiz Luiz Alberto Alves determinou que a companhia mantenha suas obrigações operacionais, cumprindo as metas de qualidade estabelecidas pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), sob pena de cassação da tutela concedida pela recuperação judicial. Atualmente, a empresa possui uma dívida de cerca de R$ 11 bilhões.
Na opinião de Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset, a Light precisará enfrentar muitos desafios durante seu processo de recuperação judicial, negociando com diversos credores e indo atrás de possíveis injeções de capital.
“A Light enfrentará diversos desafios durante seu processo de recuperação judicial, como a elaboração e evolução do plano de recuperação judicial, que deve ser aprovado pelos credores e homologado pelo juiz responsável. Além disso, a empresa precisará lidar com a negociação com detentores de dívidas e possíveis injeções de capital, que podem ser lideradas por um novo acionista”, disse Gonçalvez.
O CEO da Box Asset ainda lembra que a companhia de energia, além de uma dívida bilionária, possui graves problemas operacionais.
“Sua crise financeira não é o único problema, já que a Light também enfrenta várias questões operacionais. A empresa tem lidado com uma perda de receita devido a conexões clandestinas e fatores sociais como a origem de facções criminosas. Além disso, a companhia tem tido dificuldades em fornecer serviços em algumas áreas, fazendo com que ela não receba pagamento por 57,5% da energia que distribui”, pontuou.
De acordo com Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos, o fim do processo de recuperação da Light irá depender das suas perdas não técnicas, além das negociações com seus credores e com o estado do Rio de Janeiro, onde a companhia de energia atua.
“O fim do processo de recuperação judicial da Light depende muito das perdas não técnicas, que é basicamente o furto de energia. Então, se os furtos de cabos de energia diminuirem e suas margens de lucro melhorarem, podemos ver um cenário mais otimista para a companhia”, argumentou Brasil.
“Esse processo de recuperação judicial será um pouco curioso. Eu não sei até onde a Light irá conseguir aumentar as tarifas para melhorar as margens, pois ela também depende do Estado. Do prejuízo bilionário da empresa, grande parcela é culpa de furtos, logo precisamos ver o que o Governo do Rio irá fazer para frear essa onda de roubos. É uma situação complicada para a Light”, acrescentou o fundador da Gava Investimentos.