A Monte Bravo Investimentos revelou, com exclusividade ao portal NeoFeed, que recebeu o aval do Banco Central (BC) para virar uma corretora. A companhia atualmente conta com R$ 32 bilhões sob gestão, mas a meta é chegar aos R$ 100 bilhões até 2025. Para o início das atividades como corretora, há ainda alguns trâmites a serem feitos, como a visita técnica do BC, mas a expectativa é de que ela comece a operar no início do segundo semestre de 2023.
“Hoje seríamos a quinta maior corretora independente do Brasil”, contou o cofundador Pier Mattei ao NeoFeed. Filipe Portella, o outro cofundador, complementa. “A Monte Bravo passa a ser um player de mercado institucional e vai ter mais controle sobre a experiência do cliente”.
Com a mudança, a Monte Bravo irá intensificar o trabalho também na sua gestora, a Kilima Asset. Com R$ 2 bilhões sob gestão, ela tem feito estruturações de CRIs e CRAs.”Vamos botar na rua cerca de 6 operações de crédito estruturado”, informou Portella. Segundo ele, a ideia, para um futuro, é criar um segmento de Investment Banking. Já a área de wealth management, com outros R$ 2 bilhões, deve passar por mudanças.
Monte Bravo Investimentos e XP
Em junho de 2021, XP e BTG entraram em conflito pelos escritórios de agentes autônomos, mas a XP venceu e conseguiu manter a Monte Bravo Investimentos. Na época do acordo, a XP virou sócia da empresa com uma participação de 45%. A promessa era a de que a Monte Bravo se tornaria uma corretora independente, o que acaba de se tornar realidade.
Atualmente, a Monte Bravo utiliza os aplicativos da XP para suas atividades. Ao ter sua corretora, isso mudará e a assessoria poderá redirecionar seus clientes para suas próprias tecnologias e até mesmo ofertar mais produtos que não há na plataforma da XP. “A relação agora se inverte. Nós contratamos a XP para ser um backoffice as a service e todo o resto passa a ser nosso”, disse Mattei.
Ao ser questionado pelo portal NeoFeed se a Monte Bravo poderá perder clientes para a própria XP, Pier respondeu: “O fato que faz o cliente estar conosco é o atendimento que prestamos para ele. O cliente vem para a Monte Bravo não é por causa da XP. Na verdade é o oposto, o cliente está na XP e vem para cá porque busca o nosso atendimento.” Portella complementou dizendo que a custódia continuará na XP.
Destaque
O crescimento da Monte Bravo é destaque no mercado financeiro. Em junho de 2021, a companhia tinha R$ 18 bilhões sob assessoria, hoje são R$ 32 bilhões e 500 funcionários. “Não captamos menos de R$ 600 milhões líquidos por mês e, em alguns meses, chega a R$ 1 bilhão. Conseguimos atrair pessoas muito boas para o time de wealth management”, contou Portella.
Entre os profissionais que chegaram para fazer gestão de patrimônio estão Ricardo Lopes, ex-head de produtos e serviços do Santander; Eduardo Oliveira, ex-CEO do UBS Wealth Management no Brasil; e Gustavo Jesus, ex-J.P. Morgan e Aqua Wealth Management. “Antes não conseguíamos clientes com mais de R$ 10 milhões. Hoje, temos clientes com R$ 700 milhões”, afirmou Portella.
Com 30 mil clientes, os cofundadores dizem que é o terceiro momento do mercado, batizado de a “era da assessoria”. “Tem que estar no apoio e acompanhando o investidor. Plataforma aberta e produtos não resolvem mais a vida dele”, diz Mattei. No total, a Monte Bravo conta com 250 assessores. Esse jogo não será vencido por quem tem mais assessores, será ganho por quem tiver mais qualidade”, disse Portella.
Segundo o portal NeoFeed, a Monte Bravo não é o único escritório de agentes autônomos a buscar um espaço no mercado de corretoras. A EQI Investimentos, antigo escritório conectado à XP, deixou a empresa de Guilherme Benchimol e se conectou ao BTG em 2021. Desde então, recebeu autorização do BC para constituir corretora, vem crescendo na captação, montando outras áreas como gestora e estruturação de M&As.