Desigualdade de gênero

Mulheres representam 35% da alta liderança no Brasil, diz estudo

Além da sub-representação feminina nos postos de comando, o estudo destaca uma discrepância salarial

Mulheres representam 35% da alta liderança no Brasil, diz estudo

Apesar dos progressos nas políticas de diversidade e inclusão nas empresas, a participação feminina na alta liderança das organizações brasileiras ainda é limitada. Isso é evidenciado por um estudo realizado pela Diversitera, especializada em promover diversidade, equidade e inclusão (DEI) nas corporações.

“Os nossos dados confirmam o que já sabemos: a presença feminina na alta liderança ainda é reduzida”, afirma Ana Paula Hining, head de projetos da Diversitera.

A pesquisa analisou dados de mais de 90 mil pessoas em 70 empresas de 17 setores diferentes, entre junho de 2022 e fevereiro de 2025. Um dos principais achados é que apenas 35% dos cargos de liderança sênior (gerência executiva, diretoria e C-level) são ocupados por mulheres, enquanto elas representam 70% das funções operacionais, como recepção e limpeza.

“Se compararmos com os dados do IBGE, percebemos uma estagnação. O número do IBGE aponta cerca de 30% de mulheres na liderança, e esse percentual não evoluiu nos últimos anos”, completa a head.

Além da sub-representação feminina nos postos de comando, o estudo destaca uma discrepância salarial de 21% entre homens e mulheres em cargos equivalentes. Quando considerada a renda média geral, a diferença sobe para 25%.

Outro dado alarmante é que as mulheres recebem 20% menos promoções ao longo de suas carreiras, o que dificulta ainda mais sua ascensão profissional. A desigualdade de renda, quando analisada sob a ótica de gênero, é um fenômeno complexo e multifatorial, como destaca Hining.

“As mulheres ganham menos, em geral, porque estão mais concentradas em funções de entrada e menos em cargos estratégicos. Mas o dado preocupante é que, mesmo no mesmo nível hierárquico, elas seguem ganhando menos do que os homens. Isso mostra que há mecanismos invisíveis dentro das empresas que contribuem para essas distorções”, afirma.

Ações para reduzir as desigualdades de gênero nas empresas

Para combater essas desigualdades, Hining destaca a importância de ações concretas por parte das empresas, como:

  • Implementação de transparência salarial, assegurando que homens e mulheres recebam salários justos para funções equivalentes;
  • Criação de programas de mentoria voltados para mulheres, com o objetivo de fortalecer suas carreiras e ampliar suas redes de contatos;
  • Estabelecimento de políticas de apoio à maternidade, oferecendo flexibilidade de horário e creches corporativas;
  • Realização de treinamentos e iniciativas de conscientização para eliminar vieses inconscientes nos processos seletivos e de promoção;
  • Adoção de medidas de combate ao assédio e microagressões, criando um ambiente de trabalho seguro e inclusivo.