Natura (NTCO3) lidera queda do Ibovespa após "vazamento" do balanço

Números apresentados em reuniões com analistas para discutir resultados do primeiro trimestre vieram muito abaixo do esperado

A Natura (NTCO3) despencou 15,30% nesta quarta-feira (20), liderando as perdas do Ibovespa no dia. O efeito segue um dia de reuniões da equipe de relações com investidores da Natura com analistas do sell-side, responsáveis pelos relatórios de recomendações em bancos e casas de análise, para alinhar as expectativas para os resultados do primeiro trimestre. A divulgação ao mercado estava prevista para o dia 5 de maio. Mas com o detalhamento das informações apresentadas, no entanto, os números teriam vazado para o mercado, que não gostou nada do que viu. 

Segundo fonte ouvida pelo “Brazil Journal”, a empresa quis evitar uma catástrofe no dia de apresentação dos números, mas terminou por antecipar o efeito previsto. Diante do acontecido, a XP compartilhou seu relatório de análise dos resultados da companhia no primeiro trimestre deste ano. E o que tanto desagradou os analistas? Segundo a equipe de varejo da corretora, a expectativa para a Natura é de um trimestre fraco, puxado por uma dinâmica ainda desafiadora em Avon na América Latina, desalavancagem operacional na The Body Shop e uma performance mais fraca ainda na Avon Internacional devido ao conflito da Rússia e Ucrânia. 

A receita líquida consolidada da companhia deve ter queda de 14,5% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, o Ebitda ajustado deve alcançar R$ 522 milhões (com margem de 6,5%) e a operação deve fechar o período com prejuízo líquido de R$ 222 milhões, informou a XP.

A Avon é um ponto de atenção no grupo, responsável pelo tombo de 10% da receita líquida do grupo, de R$ 4,7 bilhões, enquanto a Natura Brasil compensou um pouco das perdas, com um crescimento de 3,5% na base anual. “Quanto à rentabilidade, estimamos uma margem bruta relativamente estável (-0,5p.p A/A) com margem Ebitda com queda de 2,5p.p A/A (em 8,6%), já que a margem da Avon deve permanecer em território negativo”, afirmaram os analistas no relatório. 

A receita líquida da Avon Internacional deve alcançar R$ 1,8 bilhão, baixa de 24% na comparação com o primeiro trimestre de 2021, impactada principalmente pelo conflito no leste europeu. “Estimamos que os dois países respondam por aproximadamente 20% das vendas da operação”, explicou a equipe da XP. A conversão cambial também teve efeito negativo no resultado, considerando a valorização de 25% do real ante o euro. 

A previsão para a estabilização do modelo comercial da Avon é que a empresa comece a dar frutos somente no segundo semestre deste ano. “Apesar de acreditarmos que esse resultado esteja abaixo das expectativas do consenso, já esperávamos um primeiro semestre difícil”, avaliou a equipe liderada por Danniela Eiger. E mesmo que 2021 tenha sido um bom ano para a Natura (NTCO3), o que eleva a base de comparação, a expectativa dos analistas para este primeiro trimestre era de uma receita líquida que ultrapassasse em pelo menos o dobro os números apresentados.

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