De olho no mercado dos EUA, Natural One busca cercar território e novos produtos

Segundo o executivo da companhia Rodrigo Funaro, expansão nacional também segue nos planos e abrir capital é uma das pautas da empresa para o futuro

Crescendo de forma saudável desde 2014, a empresa de sucos 100% naturais Natural One começou seu plano de expansão internacional em 2017 e, hoje, já exporta para 16 países. O que falta, ainda, é a entrada no maior mercado do mundo, os EUA. Por isso, como em uma estratégia militar, a companhia já começa a cercar o foco, iniciando os trabalhos no vizinho imediato, o Canadá. 

“Estamos iniciando um trabalho no Canadá, com possibilidade de expansão, mirando também o maior mercado de sucos do mundo – que é o mercado americano. A gente vem trabalhando muito bem nisso, então queremos continuar com essa empreitada internacional, porque ela é relevante para a nossa marca e a gente quer transformar a companhia em uma empresa global”, disse Rodrigo Funaro, General Manager na Natural One, em entrevista ao BP Money.

Além de seguir investindo em exportação, para ganhar espaço em novos países e colocar a marca em evidência no cenário global, a Natural One também tem como plano o crescimento no mercado doméstico – apesar de já ter atuação em todos os estados brasileiros. 

“Estamos perto dos 70 mil pontos de vendas no Brasil, fato muito relevante para o nosso negócio. Queremos dar continuidade ao crescimento no Brasil, seja ele em termos distributivos da nossa expansão ou em termos de faturamento. A gente vem de dois anos muito positivos e queremos continuar com esse crescimento por aqui, alavancando a nossa operação. A gente vai trabalhar também em avançar para novos pontos de venda, novos canais, então nossa ‘estratégia Brasil’ é dar continuidade ao nosso crescimento saudável”, afirmou Funaro.

Apesar de não citar os possíveis novos produtos, fora da linha de sucos, Funaro afirmou que a companhia está de olho nas tendências do mercado de bebidas e busca sempre a inovação, por isso deve lançar novas linhas em breve. A “espinha dorsal” da Natural One, entretanto, nunca deixará de ser o suco.  

“A gente trabalha com novos sabores, novas embalagens, para sempre estar oferecendo uma disponibilidade cada vez maior para o nosso consumidor. Mas a gente olha – não necessariamente para as categorias que você citou (chás e iogurtes) – mas olhamos para o mercado de bebidas, na parte de tendência e tudo que a gente pensa que não vai ferir a nossa marca, mas que pode ser complementar ao nosso portfólio”, disse Funaro. 

De acordo com o General Manager da Natural One, um dos maiores diferenciais da companhia frente a sua concorrência é o pioneirismo no Brasil. Funaro explicou que as empresas do segmento de sucos no Brasil eram muito voltadas a produtos com uma quantidade grande de conservantes. A Natural One viu esse gargalo no mercado e, dessa forma, conseguiu instaurar uma nova mentalidade no consumidor brasileiro.

“A gente enxergava o Brasil como um celeiro de frutas e uma oportunidade gigante olhando para a ideia de você entregar suco 100% natural, seja ele resfriado ou seja ele ambiente. Nós conseguimos proporcionar um produto com validade estendida, de 8 meses, fato que também nos alavancou para que a gente pudesse avançar no mercado brasileiro”, disse Funaro.

Com a guerra da Ucrânia causando um grande choque no cenário global, os preços das commodities subiram. Isso porque tanto Rússia quanto Ucrânia são grandes produtores de commodities. A laranja, muito utilizada pela Natural One, é um exemplo de commodity alimentar que poderia ter impactado de maneira mais forte os negócios da companhia, se não fosse por uma estratégia antecipada da empresa de investir em suas fábricas.

“A nossa matéria-prima, que é dolarizada, como é o caso da laranja, impacta diretamente o nosso negócio. Com o dólar subindo, de fato isso vai impactar. Porém, ao longo dos últimos dois anos, a gente fez um investimento de mais ou menos R$ 15 milhões na fábrica para conseguir atingir uma produção de 120 milhões de litros de suco. Ou seja, a gente se preparou para o momento mais difícil, então ganhamos em produtividade. Além disso, nos últimos dois anos a gente desenvolveu todo um trabalho de extração de fruta, também dentro da nossa fábrica, ganhando novamente em produtividade”, explicou Funaro.

Em relação ao crescimento da empresa e a possibilidade de abertura de capital na bolsa de valores de São Paulo (B3), Funaro disse que esta é uma pauta já discutida nos corredores da empresa. 

“A gente chegou a faturar praticamente R$ 570 milhões no ano passado, um crescimento superior a 50% em termos de faturamento. Com relação ao futuro, o nosso trabalho é olhar para as possibilidades de mercado e tudo que a gente possa fazer para dar sustentabilidade ao nosso negócio. Abrir capital pode ser uma das alternativas, sem dúvida nenhuma. Para uma empresa, como eu te disse, que tem as ambições de um avanço global, que vem em um crescimento constante, em algum momento a gente abrir capital para poder investir e continuar crescendo pode fazer parte da estratégia”, afirmou Funaro. 

“Não é a única, não é o único caminho que a gente tem de crescimento, mas ela sempre está em pauta e é sempre discutida”, complementou.

Iniciativas ESG da Natural One e efeitos da pandemia de Covid-19 para a empresa

Recentemente, a Natural One se uniu a Valgroup – uma das maiores produtoras, transformadoras e recicladoras de plástico no mundo. Com isso, a Natural One passou a utilizar embalagens fabricadas em resina PET PCR (resina pós-consumo reciclada) em parte de seu portfólio de sucos naturais. Além de reforçar o compromisso da empresa com o meio ambiente, o fato é mais uma estratégia de pioneirismo da companhia. 

A Natural One investiu R$ 2,4 milhões em pesquisas, desenvolvimento e ações de marketing para fechar esse compromisso. 

“Continuamos sempre pensando nas novas possibilidades de embalagens, novas possibilidades de sabor dentro do mercado de sucos, sem perder a cabeça em oportunidades de outras categorias onde a gente tenha capacidade de avançar”, disse Funaro.

Segundo o executivo, a Natural One deve acrescentar ao seu portfólio, em um período de 3 a 5 anos, além de embalagens feitas de plásticos recicláveis, o rótulo e a tampa dos produtos.

“Vamos nos comprometer a trabalhar em cima do rótulo e da tampa. Isso tudo tem um apelo muito grande com nosso consumidor e a gente acredita nesse propósito”, disse o executivo da Natural One.

Assim como todas as empresas dos mais variados segmentos, a Natural One também viu seus negócios mudarem por causa da pandemia de coronavírus. Houve uma queda nas vendas de alguns produtos da companhia, principalmente as garrafas individuais, já que com o lockdown as pessoas tiveram que ficar em suas casas. Por outro lado, a empresa se adequou rápido às necessidades dos consumidores e acabou encontrando uma fresta para crescer.

“Os anos de 2020 e 2021 foram muito relevantes para a Natural One. Não gosto de dizer que a pandemia foi benéfica, mas a gente se adequou rápido às necessidades dos consumidores. A companhia cresceu nesses dois anos porque a gente passou a ter mais pessoas dentro de suas casas e, exatamente no final de 2019, a gente fez um investimento para ter uma embalagem de preço por litro. Com a chegada da pandemia, a embalagem de consumo individual na rua ficou suspensa por pelo menos oito meses. Por outro lado, eu consegui avançar muito com a minha embalagem de preço por litro e isso acabou nos favorecendo”, explicou Funaro.

O executivo da Natural One também destacou que o aumento das vendas nos canais digitais e o crescimento de parcerias com aplicativos como iFood e Rappi foram essenciais para a empresa durante este período.

“O meu público, de certa forma, passou a ter uma renda disponível relativamente maior, por que é um público que tinha o costume de sair, viajar, jantar fora, almoçar fora e passou a não fazer mais isso em virtude do isolamento. Com um consumo maior dentro de casa, isso acabou me favorecendo neste momento. As pessoas também buscaram por produtos naturais dentro de casa, com a limitação que a pandemia causou para fazer atividade física, então todos esses fatores acabaram nos auxiliando para ganhar”, disse Funaro.

“Somado a isso, houve o movimento rápido dos marketplaces – e não somente do nosso próprio e-commerce que foi desenvolvido – mas também o trabalho que a gente fez com diversos parceiros, como iFood e Rappi”, concluiu o executivo do Natural One.

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