NFTs: nigeriano lança projeto para reivindicar artefatos africanos

“Looty” criará peças africanas roubadas por colonizadores, e transformará em NFTs

O designer nigeriano Chidi Nwaubani anunciou um projeto de NFTs (tokens não fungíveis) para recuperar artefatos africanos roubados por colonizadores europeus, de acordo com a “Reuters”.

A Looty, iniciativa de Nwaubani, venderá os NFTs, e reverterá o valor das vendas para financiar trabalhos e estudos de jovens artistas do continente africano.

Para Nwaubani, seu projeto, que segue a linha de projetos inovadores na área, é uma forma de repatriar, através da tecnologia, artefatos que há muito tempo estão longe de África.

“Imagine um mundo onde esses itens nunca foram saqueados […] Estamos apenas tentando reimaginar esse mundo e trazê-lo para a forma digital”, disse o designer em entrevista.

O processo começará com o “assalto digital da arte”, procedimento dentro da legalidade, que consiste na ida de um membro da Looty a um museu, a fim de digitalizar um objeto e transformá-lo em imagens 3D.

Os pedidos de devolução de objetos roubados durante o período colonial na África aumentaram consideravelmente nos últimos anos, o que obrigaria diversas instituições ocidentais a reenviarem tais objetos para países como Nigéria e Benin.
 

NFTs da Looty serão disponíveis para venda e também exposições gratuitas

A Looty, após criar as imagens em 3D, anuncia as vendas no mercado digital. Além disso, o site da companhia também atua como uma galeria gratuita, em que as imagens ficam disponibilizadas para apreciação de qualquer usuário.

De acordo com Nwaubani, 20% dos lucros são doados a jovens artistas africanos, até aos 25 anos.

“Saber que é nigeriano mas vive fora da Nigéria sempre me incomodou. Então, senti que havia algo que podíamos fazer para mudar isso”, disse o idealizador.

Os primeiros NFT da Looty foram baseados numa imagem de um dos Bronzes do Benim, objetos históricos que foram saqueados pelas tropas britânicas, no território da atual Nigéria, no ano de 1897.

Os artefatos, atualmente, estão disponíveis em uma exposição no Museu Britânico, em Londres, o que vai contra toda a iniciativa da Looty.

“Saber que é nigeriano mas vive fora da Nigéria sempre me incomodou. Então, senti que havia algo que podíamos fazer para mudar isso”, disse Nwaubani.

A Looty, que tem a origem de seu nome baseada no ato de “saquear” (loot, em inglês), também homenageia de forma descontraída o nome do cão encontrado por um capitão do Reino Unido na China, em 1860, que, teoricamente, saqueou o animal e o levou para Londres.

A companhia já anunciou que seu próximo projeto de NFTs será focado em objetos do Egito Antigo.