'O negócio azedou'

Nike encara crise com investidores devido a queda nas vendas

Nos últimos 12 meses, ações da Nike acumulam queda de 28,7%, levando valor de mercado da companhia a US$ 106,3 bilhões

Logomarca da Nike em branco no fundo totalmente preto.
Foto: Logotipo da Nike/ Imagem de divulgação

A Nike (NKE) divulgou seus resultados do terceiro trimestre fiscal de 2025 na quinta-feira (20 de março), após o fechamento do mercado.

A receita foi de US$ 11,3 bilhões, superando a expectativa de US$ 11,0 bilhões, mas registrando uma queda de 9% em relação ao ano anterior. O lucro ajustado por ação foi de US$ 0,54, acima dos US$ 0,30 estimados.

Dessa forma, só nos últimos 12 meses, as ações da empresa acumularam queda de 28,7%, levando valor de mercado da companhia a US$ 106,3 bilhões

O mercado, porém, reagiu negativamente ao guidance fornecido pela companhia. O CEO Elliott Hill afirmou que a receita do próximo trimestre deve recuar na “faixa inferior de dois dígitos”, algo próximo de 15%.

O valor superou as projeções de analistas, que esperavam uma retração de 11,4%. No after-market, as ações da Nike caíram 7,5%, sendo cotadas a US$ 66,42.

Impacto nas vendas globais da Nike e estratégia de reestruturação

A Nike enfrenta desafios em todas as regiões onde opera. As vendas digitais recuaram 15% no ano, o atacado apresentou retração de 7% e as vendas diretas ao consumidor caíram 12%.

De acordo com análise do William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, o resultado foi negativo em todas as geografias e divisões que a Nike opera, tendo como exemplo a queda de 15% a/a nas vendas digitais, redução de 7% a/a no atacado e queda de 12% a/a nas vendas diretas.

“As margens da empresa também foram pressionadas por fatores como maiores custos, troca no mix de produtos, maiores descontos e maior estoque”, explicou Castro Alves.

Diante desse cenário, a companhia lançou o plano “Win Now”, com foco no fortalecimento da relação com o varejo, inovação em produtos e ampliação de patrocínios a atletas.

“Nosso objetivo é reposicionar a Nike no mercado, garantindo que a estratégia esteja alinhada com as expectativas dos consumidores”, afirmou o CEO da marca durante a conferência com investidores.

Em suma, além da queda nas vendas, a Nike enfrenta pressões externas. As tarifas impostas pelos EUA sob a gestão de Donald Trump impactam diretamente a empresa, que fabrica 18% de seus calçados e 16% de seus artigos esportivos na China. A instabilidade cambial e os altos níveis de estoque também afetam as margens.