Novonor tenta rolar dívida para não precisar vender Braskem

As ações da Braskem serviram como impulso para a companhia no passado

A Novonor, antiga Odebrecht, está agindo com todos os seus esforços para que a sua participação na Braskem não seja vendida em uma intensa negociação com os bancos credores para rolar a dívida da recuperação judicial, estimada em R$13,75 bilhões. 

Uma das três fontes consultadas tem ligação direta com o mercado financeiro e disse que as conversas com os bancos Santander, Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e BNDES ‘’estão indo bem’’. O prazo da venda da Braskem vence em dezembro, de acordo com as regras da recuperação judicial.   

“A ideia é distribuir dividendos da Braskem direto para os bancos e vender parte das ações preferenciais para acalmar os credores” informou uma das fontes, que acompanha as negociações. 

 As tentativas da Novonor  com os bancos são um movimento para não precisar se desfazer da Braskem, considerado hoje um dos principais ativos do grupo. “A empresa não consegue nem honrar as dívidas da recuperação judicial sem a Braskem”, disseram as fontes. 

Em 2020, o desempenho operacional do antigo grupo Odebrecht mostrou que a manutenção da Braskem dentro da inundação da companhia se torna um bote salva-vidas, uma vez que antes de estar em recuperação judicial, a receita bruta da Odebrecht chegou a R$78 bilhões em 2019 e em 2020 alcançou receitas de apenas R$1 bilhão. 

Segundo as informações, a Petrobras acredita que a saída da Novonor do controle da empresa e uma migração para o Novo Mercado da B3 podem valorizar a Braskem e, elevando também as ações que pertencem à petroleira brasileira. “A questão é saber se a Odebrecht está pronta para aceitar abrir mão do controle agora”, afirmou a fonte. 

Caso a estatal decida não vender sua parte na Braskem, a Novonor vai precisar também rever sua estratégia, já que não tem o interesse de ser relegada à posição de acionista minoritário. Hoje a empreiteira é dona de 87 milhões a mais de ações que a Petrobras e pouco mais de 50% das ações ordinárias da Braskem. 

 Entre 2016 e 2018, a Novonor entregou sua fatia na Braskem, no valor de R$18,45 bilhões, como uma garantia para refinanciar dívidas que estavam estimadas em cerca de R$100 bilhões com os maiores bancos comerciais brasileiros e receber novos empréstimos, depois das denúncias de envolvimento na Operação Lava Jato. Então, desde junho de 2019, a empresa está passando pelo maior processo de recuperação judicial de toda a América Latina, com dívidas de R$98,5 bilhões. 

Quando procurados para esclarecimentos, a Novonor, Petrobras, Itaú, Santander e BNDES ainda não retornaram aos pedidos de comentários. Já o Bradesco e Banco do Brasil disseram que não pretendem comentar.  Às 17h40 desta segunda-feira (22), as ações preferenciais classe A da Braskem avançam 0,11%, cotados a R$47,23. No ano, os papéis valorizam 98,89%.