Nubank: foguete tem ré?

Entenda como a fintech se consagrou como o banco de capital aberto mais valioso da América Latina

O Nubank estreou na bolsa de valores norte-americana de Nova York (NYSE) na quinta-feira (9) e concluiu sua abertura de capital com o pé direito. A empresa, que iniciou a sessão com alta de 25% a US$ 11,25 (veja aqui), se consagrou como o banco de capital aberto mais valioso da América Latina e 4ª maior empresa brasileira de capital aberto (leia aqui).

Ao precificar suas ações classe A a US$ 9 dólares cada em sua oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), a fintech obteve uma avaliação de mercado de cerca de R$ 229 bilhões, ficando na frente de Itaú e Bradesco. Os valores pré-definidos foram entregues em documento enviado à Securities and Exchange Comission (SEC) antes da estreia na bolsa.

Na quarta-feira (8), o Nubank já havia vendido 289 milhões de ações. Até o momento, a instituição levantou US$ 2,6 bilhões (R$ 14,5 bilhões, na cotação atual) com a oferta base (veja aqui e aqui).

A capitalização coloca também o banco na condição de quarta maior empresa brasileira listada em bolsas, atrás apenas de Petrobras, Vale e Ambev.

As ações fecharam negociadas a US$ 10,33, uma alta de 14,7%.

Evolução
Os recursos do adquiridos com o IPO serão usados para alavancar a expansão do banco no México e na Colômbia, enquanto também avança com aquisições, pontuou o CEO David Vélez, em entrevista.

O executivo afirma que atualmente não existem planos para levar a companhia além dessas três nações. “Acreditamos que haja uma oportunidade para começar a consolidar o mercado de fintech nos países em que operamos”, comentou.

A situação econômica do Brasil para 2022 é uma questão para a instituição, já que a maior parte de sua receita advém do país. 

“Todos queremos ver o Brasil crescendo o mais rápido possível, mas a triste realidade é que, desde que lançamos o Nubank, só vimos o Brasil em más condições econômicas”, disse o CEO, citando a recessão prolongada seguida pela pandemia da Covid-19.

“O outro lado é que, em ambientes econômicos difíceis, as pessoas ficam mais sensíveis ao pagamento de tarifas absurdas e às taxas de juros mais altas, o que é bom para nós porque cobramos menos do que nossos concorrentes”, complementou. 

Impacto nas bolsas
Dados levantados pela Bloomberg mostraram que o Nubank se juntou ao ano recorde de listagens nas bolsas dos EUA. No total, 474 empresas levantaram US$ 165 bilhões, deixando de fora as chamadas empresas de cheques em branco. 

No Brasil, a instituição acompanhou o ritmo recorde de listagens de companhias nacionais, com quase 50 empresas levantando mais de R$ 65 bilhões neste ano.

Tudo que é bom pode melhorar
Segundo o SoftBank, a expectativa é de que o banco cresça ainda mais. Para Paulo Passoni, diretor-gerente do fundo para a América Latina do conglomerado japonês, o Nubank pode chegar a ter entre 100 milhões e 150 milhões de clientes em cinco anos e valer até US$ 300 bilhões.