O Nubank (NUBR33) anunciou a entrada no mercado de maquininhas na última quinta-feira (19). Fintech competitiva em todos os serviços financeiros, a empresa entra neste concorrido setor para diversificar a sua atuação e tornar o cardápio de serviços mais completo e abrir caminho, inclusive, ao Pix parcelado, segundo especialistas entrevistados pelo BP Money.
A analista da Nord Research, Danielle Lopes, acredita que a estratégia do Nubank foi boa, principalmente porque o NuTap, nome do sistema do Nubank, não exige uma maquininha física, um avanço dentro deste mercado.
De acordo com Lopes, a empresa pretende aumentar as suas verticais de receita. “A fintech já oferecia os outros serviços financeiros, não faria sentido o Nubank ficar de fora desse mercado se quer oferecer todos os serviços financeiros que estão disponíveis.”
A nova plataforma não tem custo de adesão e é voltada para os microempreendedores, e tiveram um aumento de 167% entre o primeiro trimestre de 2021 e os três primeiros meses deste ano. A estratégia da companhia é atrair mais correntistas com o lançamento.
A fintech tem um valor limite de R$ 199,99 para as transações. O Nubank ressaltou que cobra tarifas até 30% menores que as da concorrência. No cartão de crédito, as tarifas cobradas serão de até 3,19% para os pagamentos à vista e até 12,49% nas transações parceladas em 12 vezes.
Nubank: nova presença no mercado não deve impactar setor
De acordo com Rafael Durer da consultoria RD Inteligência em Serviços Financeiros, o mercado de maquininhas é muito competitivo e o produto oferecido pelo Nubank não traz novidades.
“O impacto do Nubank nesse mercado não deve ser tão grande. O setor já tem muitas empresas como a Cielo que dominam o segmento. Além disso, o Nubank não traz muita inovação em seu produto, então o mercado está mais tomado por preço do que por inovação.”
Segundo Durer, a proposta do Nubank de usar o recurso da aproximação não traz nenhum elemento novo e já é aplicada por concorrentes como a Stone e a Cielo (CIEL3).
“Nos últimos três anos, a Cielo tinha quase 40% desse mercado e agora tem um pouco menos de 20%. A única empresa que cresceu foi a GetNet, então não parece um setor tão fácil de prosperar”, avalia a sócia e analista da Nord Research.
O especialista da RD Inteligência em Serviços Financeiros analisa que as tarifas do NuTap, que são promovidas como mais baratas do que o valor de mercado, não correspondem à propaganda.
“As taxas das outras credenciadoras tem um valor bem parecido com o de 3,19% que está sendo cobrado pelo Nubank. A Pag Seguro cobra o mesmo valor, Cielo e Safrapay têm preços parecidos. Outras concorrentes como a Stone e o Mercado Pago chegam a cobrar menos do que o Nubank.”
Além disso, o banco digital pode usar a maquininha para abrir caminho para o Pix parcelado, que deverá ser mais utilizado.
“Os executivos do Nubank estão investindo em uma visão de longo prazo, para entrar no Pix, mas não apenas no Pix que conhecemos, e sim no Pix parcelado, ferramenta que será lançada pelo Banco Central onde será possível parcelar compras pelo próprio Pix”, analisa Durer.
O parcelamento dentro do Pix já é feito por diversas instituições financeiras, apesar da prática não ter disponibilizado oficialmente essa opção. Em nota, o órgão afirmou que deve lançar uma plataforma para este tipo de transação.
“O produto Pix Garantido, que permite o parcelamento de transações no PIX, ainda não foi lançado e não há previsão de lançamento. Nada impede que os bancos, desde já, ofereçam crédito aos seus clientes para utilização em pagamentos via Pix. É um produto de cada banco.”
Segundo a sócia da Nord Research, o Nubank terá o desafio de conseguir rentabilizar a sua atuação neste setor. “É um mercado muito grande e não vai parar de crescer, mas como a estratégia inicial da companhia foi de não ter custo de adesão, o objetivo é rentabilizar e manter a estratégia que atraiu os clientes.”