
Menos de uma semana após jantar com o presidente dos EUA, Donald Trump, o CEO da Nvidia, Jensen Huang, desembarcou em Pequim nesta quinta-feira (17), em um momento particularmente delicado para a empresa.
A visita acontece logo depois de o governo americano ter proibido a Nvidia de vender seu chip H20 AI à China, decisão que representa mais um capítulo na crescente tensão tecnológica entre Washington e Pequim.
Huang, que já visitou o país diversas vezes, foi à capital chinesa a convite de um grupo comercial local, segundo publicação de uma conta em rede social ligada à estatal Televisão Central da China.
Um vídeo divulgado pela mesma fonte mostra o executivo trocando sua tradicional jaqueta de couro preta por terno e gravata — ainda que o destino exato ou o evento que participaria não tenha sido revelado.
A visita, ainda que aparentemente protocolar, ganha um peso simbólico importante. Dias antes, a Nvidia havia alertado para uma baixa contábil de US$ 5,5 bilhões ligada às novas restrições impostas pelos EUA a produtos de inteligência artificial.
Os chips afetados, como o H20 AI, foram desenvolvidos especificamente para o mercado chinês, em conformidade com os controles anteriores.
Agora, com o novo veto, a empresa vê comprometida uma fatia relevante do seu portfólio, em meio à escalada da guerra tecnológica entre as duas potências.
Nvidia na mira dos EUA
A presença do CEO da Nvidia, Jensen Huang, em Pequim esta semana acontece em meio a uma nova onda de pressões políticas e suspeitas sobre o uso de tecnologia americana por startups chinesas de inteligência artificial.
A visita, cujos detalhes ainda são escassos, incluiu encontros com o fundador da DeepSeek, Liang Wenfeng, e com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, segundo o Financial Times.
A mídia chinesa, no entanto, não divulgou informações mais precisas sobre seu itinerário na capital.
A movimentação de Huang ocorre logo após um comitê bipartidário da Câmara dos Representantes dos EUA ter solicitado à Nvidia dados sobre possíveis vendas de chips à DeepSeek — uma novata chinesa que chamou atenção com seu avançado chatbot.
A iniciativa surge em meio a temores de que tecnologias desenvolvidas nos EUA estejam sendo utilizadas para fins que envolvam os interesses militares de Pequim.
Segundo a estatal chinesa CCTV, Huang reforçou durante a viagem que a China segue sendo um mercado estratégico para a Nvidia e afirmou que a empresa “otimizará seus produtos de chips para cumprir com os controles de exportação dos EUA”.
As preocupações em Washington não são isoladas. O secretário de Comércio do governo Trump, Howard Lutnick, prometeu ser “muito firme” em relação às restrições impostas à China, especialmente após o surgimento da DeepSeek.
Lutnick tem adotado uma linha dura, sancionando empresas chinesas que, de acordo com autoridades americanas, estariam colaborando com a modernização militar do país asiático.
Enquanto isso, no mercado chinês, a Nvidia ainda lidera em desempenho, mesmo diante da crescente presença dos aceleradores de IA desenvolvidos pela Huawei Technologies Co. — considerados os concorrentes mais diretos tanto da Nvidia quanto da AMD.
Apesar disso, especialistas apontam que os chips chineses ainda estão significativamente atrás em capacidade.