A pandemia causada pelo covid-19 impactou negativamente empresas dos mais variados setores, entre eles, o educacional. Para o grupo Ser Educacional (SEER3), a pandemia foi um divisor de águas. A companhia precisou se adaptar aos novos conceitos de educação, ampliando sua presença no digital, com aquisições e investimentos, para sair do período sem maiores prejuízos.
“A pandemia foi um divisor de águas. O ensino no Brasil e no mundo não será mais o mesmo. O ensino será, daqui pra frente, híbrido. Eu digo que será 60%, 70% digital e só 30% presencial. Isso é uma realidade que ninguém pode fugir. Nós entramos de cabeça no digital, tanto é que deixamos de ser uma empresa educacional para ser uma empresa de tecnologia fomentadora na educação. O impacto [da entrada do sistema híbrido de ensino] foi extremamente positivo”, afirmou Janguiê Diniz, CEO do grupo Ser Educacional, em entrevista exclusiva ao portal BP Money.
No último trimestre de 2021, a Ser Educacional registrou uma queda de 97,1% em seu lucro líquido, para R$ 3,4 milhões, o que mostrou um pouco dos impactos negativos da pandemia em seu balanço patrimonial.
“Nós passamos por duas crises. Em primeiro lugar, pela crise pandêmica, onde muita gente deixou de estudar porque perdeu o emprego. Depois, passamos pela crise econômica. Todos os grupos, especialmente educacionais, sofreram. Mas nós saímos muito mais fortalecidos, fomos antifrágeis”, disse Diniz.
Apesar do impacto negativo da pandemia nos grupos educacionais, o executivo do grupo Ser Educacional destacou que a empresa saiu da pandemia com números interessantes em relação ao aumento de estudantes.
“Antes de entrar na pandemia, tínhamos menos de 200 mil alunos, 20 mil a distância e cerca de 170 mil alunos presencialmente. Estamos saindo da pandemia com mais de 300 mil alunos, sendo que a maioria veio do digital”, afirmou.
Janguiê afirmou que, apesar do ticket médio do digital ser cinco vezes menor do que o presencial, a empresa irá ganhar na quantidade. Além disso, ele explicou que o futuro da educação está no ensino híbrido.
“O digital tem um ticket medio bem menor que o presencial, então ganharemos no volume. Organizamos a casa, digitalizamos, e o futuro é muito promissor para o grupo Ser Educacional”, disse Janguiê.
Como a Ser Educacional se preparou durante a pandemia
De acordo com Janguiê, o ensino à distância tem feito sucesso porque depende da vontade do aluno para que os estudos possam valer a pena. Dessa forma, o nível de concentração precisa ser maior. Além disso, o ganho de tempo também é um ponto importante para quem opta pelo digital, já que o estudante economiza na locomoção até a universidade.
“No Brasil, a gente tinha a cultura do ensino presencial. Existia a cultura ou a não cultura de que o ensino digital não era de boa qualidade. Mas aí veio a pandemia, e rapidamente nós colocamos 200 mil alunos, em 15 dias, para ter ensino digital de forma online e síncrona”, afirmou Janguiê.
“O ensino digital depende do aluno. Ele tem que ir atrás. Ele tem de buscar. Feitas essas considerações, eu digo: o ensino presencial não vai acabar. Principalmente em cursos que exigem muita aula prática. Mesmo com os cursos onlines, as aulas práticas são essenciais em muitos deles”, finalizou o CEO da Ser Educacional.