Yvon Chouinard, fundador da varejista de roupas Patagonia, afirmou, nesta quinta-feira (15), que está doando toda a companhia. O negócio é avaliado em mais de US$ 3 bilhões e gera lucros de cerca de US$ 100 milhões por ano.
Yvon está transferindo a companhia para diversos ‘trusts’ e uma organização sem fins lucrativos. Estão sendo transferidas todas as ações votantes da empresa, equivalentes a 2% do capital, para o Patagonia Purpose Trust.
O ‘trust’ será administrado por membros da família e conselheiros próximos. Eles irão garantir que a Patagonia “continue operando como um negócio socialmente responsável” e que distribua os lucros todos os anos para causas ambientais.
Enquanto os outros 98% do capital da empresa, estão sendo doados a uma organização recém-criada chamada Holdfast Collective. A ONG vai receber todo o lucro da Patagonia e usar os recursos principalmente para o combate à mudança climática, além de financiar ativistas sociais.
Ademais, não houveram benefícios fiscais, Yvon e sua família terão de pagar US$ 17,5 milhões em impostos por conta da transferência do negócio para o trust.
“Esperamos que isso influencie uma nova forma de capitalismo que não termine com algumas poucas pessoas ricas e um monte de gente pobre” disse Yvon ao “The New York Times”. “Vamos doar a maior quantidade de dinheiro possível para pessoas que estão trabalhando ativamente para salvar o planeta”, acrescentou.
Yvon e família se tornaram os maiores doadores privados dos EUA
Com a decisão, Yvon e a família se tornaram os maiores doadores privados dos EUA. “Essa família é um outlier enorme quando você considera que a maior parte dos bilionários doa apenas uma fração de sua fortuna todos os anos,” disse o fundador do site Inside Philanthropy.
Yvon se destaca até quando até quando comparado com os signatários do Giving Pledge, o compromisso de famílias ricas de doar boa parte de sua fortuna ainda em vida, segundo ele. “Mesmo essas famílias não doam tanto assim, e tendem a ficar mais ricas todos os anos”, disse ele.
Yvon é um ex-alpinista da Califórnia, ele chegou a morar em um carro, comendo comida de gato enlatada que ele comprava por cinco centavos cada. Assim, a trajetória do empresário se encaixa com a decisão do mesmo.
Yvon, atualmente, usa roupas esfarrapadas, dirige um Subaru velho e vive entre duas casas modestas, uma em Ventura e uma Jackson, em Wyo. Ele também não possui computador nem celular.
Além disso, Yvon, disse que se “irritava” por aparecer na lista da Forbes: “Eu não tenho US$ 1 bilhão no banco. Eu não dirijo um Lexus,” disse ele, ao “The New York Times”. A ideia de doação veio quando Yvon, aos 83 anos, começou a pensar no que fazer com a companhia quando ele morresse.
“Eu não sabia o que fazer com minha empresa porque eu nunca quis uma empresa,” ele disse ao “The New York Times”. “Eu não queria ser um empresário. Agora eu posso morrer amanhã e a companhia vai continuar fazendo a coisa certa pelos próximos 50 anos, sem eu precisar estar por perto.”