Pernambucanas vê na falta de regulamentação a barreira para ir, de vez, ao digital

Em entrevista ao BP Money, Sergio Borriello, CEO da rede varejista, explica os principais motivos para empresa não investir em um marketplace e não descarta IPO no futuro

Para acompanhar a mudança de comportamento do público consumidor de varejo no Brasil, a Pernambucanas tem investido no digital e em serviços de logística. A empresa, porém, segue com o plano de expansão no varejo físico como principal carta na manga para melhorar suas operações e entende que a criação de um marketplace digital não é uma boa ideia para a sua marca.

Em entrevista exclusiva ao portal BP Money, o CEO da Pernambucanas, Sergio Borriello, afirmou que criar um marketplace não é um objetivo da empresa, enquanto não houver uma regulamentação no Brasil. 
 
“Honestamente, a falta de regulamentação no Brasil, de responsabilidades atribuídas ao marketplace, ou ao seller, é uma questão muito importante para não criarmos um marketplace. Segunda coisa é o perigo de se transformar em um camelô digital e a última coisa é a dificuldade de ser socialmente responsável (quando se tem um marketplace)”, disse Borriello.

Segundo o executivo, não ter a certeza da origem dos produtos, onde eles são feitos, como são feitos ou qual é a mão de obra empregada já é algo que pode tornar a empresa socialmente irresponsável. 

“Quando eu falo tudo isso, quero dizer que hoje ele é um mundo não tão bem regulado, e aí a gente misturar uma marca de 114 anos em um mercado onde não é tão bem regulado pode trazer consequências que não condizem com a nossa marca”, afirmou Borriello.

Mesmo assim, a Pernambucanas não deixa de investir no seu digital, visto que hoje este é um dos principais meios de compra dos consumidores. Por isso, a empresa deverá aumentar seu leque de produtos no e-commerce.

“Estamos trocando a plataforma pelo fato de atender melhor nosso cliente e conseguir dar um delivery mais adequado daquilo que é a necessidade dele”, afirmou.

“Vamos sim estender o sortimento dos produtos que a gente oferece em loja física na nossa nova plataforma digital. Vamos preservar algumas coisas que talvez sejam um pouco diferentes do Magalu. O Magalu trabalha com marketplace. Vamos trabalhar com sortimento estendido, mas não necessariamente com marketplace. Tudo aquilo que significa vender produto de pessoa física, por exemplo, não vamos fazer”, disse o CEO da Pernambucanas.

A ideia da empresa é entregar produtos sem terceirizar os serviços, para ser a única responsável pelo seu e-commerce. 

“Vamos ter toda a questão da escrituração fiscal passando pela gente, da escrituração de olhar o fornecedor, do ponto de vista econômico, social, ambiental. Todo esse processo vai ser um pouco diferente do que faz o Magalu, que tem uma amplitude maior. Nós vamos reduzir a amplitude para aquilo que a gente entende que gera valor para nós, o que conseguimos controlar… com o intuito de proteger a nossa marca”, reiterou.

Pernambucanas não descarta abertura de capital 

Em 2020, a Pernambucanas tinha planos para realizar um IPO (Oferta Pública Inicial de Ações). O cenário volátil e instável, devido à pandemia de covid-19, porém, fez a empresa desistir da operação. Atualmente, a empresa voltou a avaliar as possibilidades para um IPO, segundo o CEO.

“Sempre costumo explicar que a abertura de capital tem que ter uma razão. A gente enxerga duas ou três possibilidades: financiamento de uma expansão, um rearranjo societário – se você quer mudar a estrutura societária de uma empresa familiar – e a gente também entende como uma válvula de crescimento importante pra algumas outras linhas, como é o caso da nossa financeira, que tem um processo de desenvolvimento crescente”, explicou Borriello. 

De acordo com Borriello, todas essas hipóteses estão sendo discutidas pela Pernambucanas, mas elas dependem de outros pontos que fogem ao controle da varejista.

“Os acionistas têm que estar de acordo, os compradores também… o mercado tem que estar de acordo. Esse ano é um ano de eleição, guerra internacional, então não tem um horizonte tão favorável. Mas de qualquer jeito estamos crescendo, como uma empresa de capital familiar, e vamos continuar nesse caminho. Se encontrarmos essas limitações e a abertura de capital for uma hipótese, por quê não? Sempre estaremos avaliando essas possibilidades”, completou Borriello.

Varejista quer voltar às suas origens 

A Pernambucanas voltou a atuar em Pernambuco no ano passado. A empresa abriu duas lojas, uma no centro de Recife e outra no shopping Riomar, também na capital de Pernambuco. O objetivo no nordeste, entretanto, ainda será atingido.

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“Esse ano, se Deus quiser, vamos voltar para a cidade da onde a gente saiu, que é uma cidade chamada Paulista. Inclusive, a Pernambucanas um dia se chamou Companhia Paulista de Tecidos. Quando saiu de Pernambuco, ela trocou o nome para ‘Pernambucanas’, porque não tinha essa questão de se associar com São Paulo. Esse ano, quando completarmos 114 anos, devemos abrir uma loja em Paulista, lá por setembro ou outubro. Vamos invadir Pernambuco”, finalizou Borriello.

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