O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, afirmou à Folha de S.Paulo nesta quarta-feira (6) que está mantida a data da assembleia geral de acionistas no próximo dia 13 em que será renovada a diretoria da Petrobras.
Até a noite desta terça-feira (5), havia um impasse na escolha de nomes para a presidência da petroleira e o conselho de administração diante da recusa do economista Adriano Pires e do empresário Rodolfo Landim para os cargos, respectivamente.
Embora ainda não haja uma definição, o ministro afirma que o Planalto e a casa Civil chegarão a um consenso a tempo de que todos os acionistas, especialmente estrangeiros, consigam participar da votação.
A demora na escolha mobilizou minoritários da companhia a pedir adiamento da assembleia.
Com o adiamento, seria preciso manter no cargo o general Joaquim Silva e Luna, que foi demitido e se disse traído pelo presidente e pelo ministro.
A forma como o governo vem tratando a Petrobras preocupa os acionistas, que avaliam existir uma forte pressão do Planalto para controlar preços da empresa. Essa possibilidade foi apresentada pelo ministro a Jair Bolsonaro na reunião de terça e o irritou, no momento em que o petróleo está em alta e o presidente se prepara para disputar a com ponha pela reeleição.
Os combustíveis têm peso relevante no cálculo da inflação medida pelo IPCA e, segundo pesquisa do DataFolha, 68% dos brasileiros consideram que Bolsonaro é o responsável por essa situação.
A disparada de preços levou Bolsonaro a demitir o primeiro presidente da Petrobras em seu governo. Indicado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, Roberto Castello Branco ficou um ano no cargo. Foi substituído por Silva e Luna, que ficou 11 meses.
Essa inconstância no comando da empresa, que tem estatuto e governança própria apesar de ser controlada pela União, criou resistência no mercado e está dificultando a definição do próximo presidente da companhia.
No mercado, muitos afirmam que também preocupa a fragilidade política do ministro Bento Albuquerque, que vem sendo responsabilizado por Bolsonaro sobre a crise na Petrobras.
Segundo assessores do Planalto, Bolsonaro não “engoliu” o apoio de Bento a Adriano Pires, que tem uma consultoria com contratos envolvendo empresas que mantêm até disputas comerciais com a Petrobras.