O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) marcou para esta semana as primeiras conversas com candidatos à presidência da Petrobras (PETR3;PETR4). As informações são da “Reuters”. O petista já sinalizou que pretende fazer uma mudança radical na estatal.
Ainda de acordo com a publicação, para concretizar essa estratégia, Lula planeja uma ampla troca no primeiro e segundo escalões da Petrobras. Pelo menos parte dos dividendos astronômicos sendo pagos pela estatal a acionistas na onda da alta do petróleo serão direcionados a investimentos.
Desde o governo de Michel Temer em 2016, a Petrobras saiu de setores inteiros para pagar uma dívida igualmente astronômica contratada durante os governos do PT.
A companhia se desfez de gasodutos, de sua unidade de biocombustíveis, fábricas de fertilizantes, todos os 7.700 postos de combustíveis bandeira BR, além de refinarias.
Agora, o próximo presidente quer que a estatal volte a ser a gigante integrada de energia que já foi em seus dois primeiros governos (2003-2010), investindo parte do lucro em energias renováveis, refino e promovendo empregos, segundo a publicação.
A nova abordagem aproximará a Petrobras da estratégia adotada pelas majors europeias BP e Shell, que estão reduzindo as apostas no petróleo para investir em energia mais limpa.
Nos bastidores, o partido descarta a possibilidade de ter um presidente da Petrobras em desalinho com o PT e com o programa de governo de Lula.
Atualmente, a Petrobras tem um valor de mercado de R$ 375 bilhões. Em 2008 eram R$ 510 bilhões e distribuiu mais de R$ 42 bilhões em dividendos apenas no último trimestre.
Lista resumida para Petrobras
Até o fim da última semana, Lula ainda não havia conversado diretamente com candidatos à presidência da Petrobras, segundo pessoas a par do assunto. Entre eles, o senador Jean Paul Prates, um dos primeiros a serem cotados.
Não houve convite formal embora Prates tenha viajado com Lula no jato particular que levou a comitiva do governo eleito para COP27 no Egito. Ele foi um importante conselheiro de política energética durante a campanha de Lula, mas sua nomeação pode enfrentar obstáculos de conformidade devido à sua campanha para prefeito de Natal-RN em 2020.
A Lei das Estatais veda indicação de CEO que tenha estruturado ou participado de campanha eleitoral nos últimos 36 meses.
Outros candidatos na lista incluem o ex-governador da Bahia Rui Costa, um forte aliado político de Lula; e Magda Chambriard, ex-diretora-geral da agência reguladora de petróleo e gás ANP, com carreira na área de exploração e produção da Petrobras.
William Nozaki, professor de economia na FESPSP, nomeado na semana passada para a equipe de transição de Lula, está sendo considerado para liderar uma diretoria não estratégica da Petrobras.
Ex-presidente da Petrobras nos governos Lula, José Sergio Gabrielli ficou de fora da equipe de transição, num indicativo de que sua postulação perdeu força.
Gabrielli enfrenta um processo no TCU pela compra pela Petrobras da refinaria americana de Pasadena, o que poderia atrapalhar sua aprovação pelos órgãos de conformidade.