Privatização dos Correios deve ser adiada para 2022

Especialistas apontam que este retardo pode refletir em uma possível inviabilização da privatização.

O projeto de privatização da Empresa Brasileira de Correios se encontra engasgado em uma complexa tramitação no Senado. O texto que cria um novo marco dos serviços postais e abre caminho para a privatização, foi aprovado na câmara dos deputados ainda em agosto e agora segue na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).

De acordo com a declaração do presidente da CAE, senador  Otto Alencar (PSD-BA), em sua afirmação alegou que não possui expectativa de que o projeto seja colocado em votação no colegiado ainda neste ano legislativo. Alencar explicou que não pretende colocar o projeto em votação ainda esse ano por ver uma resistência da oposição e dúvidas manifestadas por outros partidos, e por isso acredita ser melhor que o debate ocorra em 2022.

Inicialmente, o governo federal tinha confiança de que o texto fosse aprovado até o fim de agosto. Especialistas apontam que este retardo no andamento do projeto de lei possa refletir em uma possível inviabilização da privatização.

A afirmação se baseia no tempo que ainda resta ao governo Bolsonaro em colocar em andamento um processo demorado. Existe um intervalo de seis meses entre a sanção do projeto e a realização do leilão e com isso, o ápice do processo  ficaria muito perto das eleições presidenciais, momento desfavorável para atrair investidores, uma vez que o cenário será marcado por instabilidades políticas.

Enquanto isso, a até então estatal vem apresentando resultados promissores, ao atingir R$ 1,9 bilhão em lucro líquidos até setembro, de acordo com reportagem do Valor Econômico, que adaptou o resultado antes dos dados oficiais. Em 2020 a companhia postal registrou lucro de R$ 1,53 bilhão em 2020, atingindo o  maior rendimento em uma década.

A expectativa é de resultados ainda mais fortes para o mês de novembro e dezembro, período que se destaca pelo alto fluxo de encomendas incentivadas pelo consumo de datas como Black Friday e Natal.

Em 2021, houve novos recordes na distribuição de encomendas e mais enxugamento das despesas fixas, após um corte de benefícios trabalhistas “extra-CLT” no fim do ano passado.