Problemas judiciais podem inviabilizar compra da Kinvo pelo BTG

BTG pode acabar desistindo da compra da fintech baiana após desentendimentos em relação à divisão das cotas de participação do produto

Programadores da plataforma baiana Kinvo notificaram extrajudicialmente o CEO Moacy Veiga, após desentendimentos em relação à divisão das cotas de participação do produto. O caso pode acabar afetando o negócio com o BTG Pactual, que adquiriu o aplicativo.

Segundo informações obtidas pela BP Money, no início da criação do Kinv, primeiro nome do app, Veiga havia chamado um grupo de programadores para desenvolver a arquitetura da fintech com acordo de 50% de cotas de participação sobre o produto que estava sendo criado. Entretanto, após a programação da plataforma, o CEO da fintech propôs aos então sócios que os profissionais ficassem com 20%, diferente do que foi negociado anteriormente. Ainda conforme relatos, Moacy teria mudado o nome da plataforma para Kinvo, depois de ter sido desenvolvida.

Procurado pela BP Money, o advogado Ruy João, que tem como clientes os programados, explicou à situação: “A ideia de criar um aplicativo que pudesse consolidar investimentos surgiu com a união de Moacy Veiga e os meus clientes, numa época que não existia no mercado qualquer aplicativo semelhante. Após conseguirem investimentos da FAPESB, da ordem de aproximadamente R$ 400.000,00, meus clientes e Moacy tiveram êxito, chegando ao aplicativo consolidador de investimentos chamado Total Invest. Tempo depois Moacy Veiga propôs reduzir a participação societária dos meus clientes, que não concordaram. Tempos depois, surpresos, os meus clientes souberam da venda do aplicativo consolidador de investimentos, sem qualquer comunicado e/ou autorização dos meus clientes, circunstâncias que levou os clientes a interpelarem extrajudicialmente o BTG, o Banco Central, a CVM, Apple, dentre outros. Foram iniciadas tratativas para uma composição com Moacy Veiga, com algumas reuniões presenciais no meu escritório, mas até o momento não se chegou a um consenso, o que pode levar à judicialização”. 

O BTG fechou a compra do aplicativo por R$ 72 milhões. Ao trazer o app para o seu guarda-chuva, o banco se beneficiou de uma base já construída pela divulgação de Thiago Nigro, o Primo Rico. Ele era usuário e chegou a ser garoto propaganda e investidor do Kinvo. 

Na época da aquisição, o presidente do BTG, Roberto Sallouti, afirmou que a compra representava um avanço importante na estratégia de investir em tecnologia para expandir as operações do varejo. 

“Com a aquisição do Kinvo, ampliaremos nosso escopo de serviços, entregando mais valor para os clientes”, disse Marcelo Flora, sócio responsável pelo BTG Pactual digital. 

Ao ser notificado extrajudicialmente, o BTG afirmou que “não tinha nenhum conhecimento sobre os fatos narrados”. Além disso, também salientou que “não usa e nem nunca usou, de qualquer forma ou para qualquer fim, o aplicativo Kinvo ou o aplicativo Kinv”.

Procurado pela BP Money, Moacy garantiu não existir qualquer judicialização em relação ao Kinvo. De acordo com ele, a informação repassada está “equivocada”. Ainda de acordo com o CEO do da fintech, o que houve foi apenas uma notificação extrajudicial, que é uma informação passada pelos seus advogados. (veja a notificação).

A Kinvo também emitiu um comunicado oficial esclarecendo toda a situação. De acordo com a empresa, a relação comercial com os desenvolvedores nunca envolveu a propriedade do aplicativo. 

Confira a nota na íntegra:
A Kinvo esclarece que não tem, até esta data, ciência da existência de processo judicial movido por qualquer outra empresa e afirma que tem as devidas documentações sobre registro de patente de marca, imagem e código fonte, descartando qualquer violação de direito autoral, sem apresentar risco para seus sócios e investidores.

A relação comercial com o grupo de desenvolvedores citado na matéria jamais envolveu a propriedade do aplicativo Kinvo, que foi desenvolvido totalmente por equipe própria, a partir do final do ano de 2017, conforme registro no INPI – Instituto Nacional de Propriedade Intelectual.

Por questões de confidencialidade, a Kinvo não pode divulgar ou fazer referência a quaisquer elementos relativos a negociações em andamento envolvendo o referido aplicativo.

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