
A joint venture de energia renovável entre a Cosan (CSAN3) e a Shell, a Raízen (RAIZ4) começou a expandir sua lista de ativos à venda e já atraiu alguns interessados nas operações da Argentina, segundo apuração do Estadão.
O BTG Pactual estaria conduzindo a compra de uma refinaria da Raízen na Argentina, segundo o veículo. Enquanto o negócio também está sendo avaliado por empresas como a Trafigura e a Glencore.
As operações da empresa brasileira no país vizinho somam mais de mil postos de combustível, uma fábrica de lubrificantes, três terminais terrestres, duas bases de aeroportos e ativos de GLP (gás liquefeito de petróleo). Na lista está incluída ainda uma refinaria — avaliada em US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,6 bilhões) em 2018 quando todos esses ativos foram adquiridos da Shell.
A Raízen ainda não se manifestou sobre o tema.
Os negócios da Raízen (RAIZ4)
No momento, o caixa da Raízen tem sido pressionado pelo alto nível da dívida, sendo esse um dos principais problemas do Grupo Cosan,o que estaria motivando a estratégia de desinvestimento e venda de ativos da empresa conduzida pelo CEO Nelson Gomes, segundo o Seu Dinheiro.
A empresa fez altos investimentos em crescimento, após um período de juros baixos, o que resultou em sua complexa situação financeira atual.
No ano passado, a Raízen reportou um prejuízo líquido de R$ 2,57 bilhões, revertendo o lucro de R$ 793 milhões do ano anterior. Enquanto isso, o endividamento líquido cresceu 22,5% em um ano, alcançando R$ 38,59 bilhões.
No ramo dos negócios, a Raízen concluiu, nesta semana, o acordo para a venda de um grupo de projetos de usinas solares distribuídas para o Patria Investimentos. A operação ainda está sob análise do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
Antes disso, no ano passado, a joint venture já havia vendido 31 projetos semelhantes ao Pátria por R$ 700 milhões.
Paralelamente, a usina de Leme também foi vendida pela Raízen para a Ferrari Agroindústria S.A e a Agromen Sementes Agrícolas Ltda, por R$ 425 milhões, na semana passada.
Além disso, com o objetivo de financiar ou refinanciar as dívidas, em fevereiro deste ano, o conselho da Raízen aprovou a proposta de captação de até R$ 2,4 bilhões.
A apuração do Estadão apontou que a estratégia de venda de ativos da Raízen no Brasil e na Argentina pode chegar a um valor próximo de R$ 10 bilhões a R$ 15 bilhões. Valor que se estima ser suficiente para equilibrar o balanço da empresa.